sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A VOZ DA RUA

Passos Coelho referiu hoje que "os protestos não são representativos da sociedade portuguesa". Este tipo de afirmações, inscreve-se, do meu ponto de vista, num regular conjunto de declarações que num contexto de profundas dificuldades para milhões de portugueses são absolutamente insensatas. Aliás, a questão da representatividade, assim afirmada, é uma falácia pois, em termos formais, nas últimas legislativas em 2011, o PSD obteve 38.65 % dos votos expressos e a abstenção foi 41.93 % o que não lhe retira legitimidade para formar governo.
O que Passos Coelho não pode, de todo, deixar de considerar é a voz dos que não têm voz, os que efectivamente, passam mal e poderão passar pior. Os protestos têm sido de um comedimento não comparável com o que assistimos noutras paragens.
A gente que se vai ouvindo já não é apenas um grupo pequeno com acesso à comunicação social ou presente nos eventos inscritos na liturgia dos partidos. A gente que se começa a ouvir não tem “tempo de antena”, protesta na rua com muito ruído.
Nos últimos dias tem sido ao som do cante alentejano mas corremos o risco, que o Primeiro-ministro deveria ser o primeiro a considerar, de passarmos a uma coreografia de protesto em modo de tragédia grega, como há pouco escrevia.
Como alguém disse, não se pode governar com base na rua, mas não se pode esquecer a rua.

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