sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

OS EQUÍVOCOS DOS CUSTOS DA SAÚDE

A imprensa de hoje divulga um Relatório da OCDE que merece reflexão, “Health Spending Growth at Zero – Wich Countries, which sectors are most affected?” Alguns dados interessantes. O Governo cortou o dobro do que estava definido no negócio acordado com a troika. As contas portuguesas do sector da saúde terão caído em 2011 5,2% face a 2010, a média de toda a OCDE foi um crescimento de 0,7%. Para 2013 a saúde terá 5,1% do PIB, a média da zona euro será de 7%. Os gastos em saúde por habitante são 2196 €, a média nos países da OCDE é de 2631 € e nos EUA de 6629 €.
Estes dados são elucidativos da política de cortes, custe o que custar.
O mesmo relatório alerta para os impactos a prazo, sobretudo quando se atravessa um período alargado de perdas muito significativas do rendimento disponível das famílias. Aliás, é importante referir que, ainda de acordo com a OCDE, em 2010, já bem dentro do quadro de dificuldades, os portugueses continuavam a ser dos que mais pagam directamente do seu bolso despesas com saúde, 26% face aos 20,1% da média dos 34 países da OCDE.
Estes dados, apesar de desmentidos pelo Ministério da Saúde, parecem-me extremamente importantes no âmbito da discussão sobre a reforma do estado e das suas funções.
Na verdade, quando tanto se questiona os fundamentos do estado social e o peso destas funções no OGE, parece razoavelmente claro que Portugal tem, no sector da saúde mas não só, um peso inferior ao de outros países.
Quando estão na agenda próxima os anunciados cortes de 4 000 milhões de euros e se aponta, para não variar, os sectores da saúde, da educação e apoios sociais como alvos privilegiados destes cortes estes dados sugerem com clareza outro caminho.
Talvez o Governo queira testar as teses absolutamente despudoradas de Fernando Ulrich sobre a nossa capacidade de resistência tendo como modelo de referência os “sem abrigo”.

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