Ontem fui assistir ao
documentário de Sérgio Tréfault, Alentejo, Alentejo sobre a alma do Alentejo, o cante.
Não comento como obra de cinema
mas não posso deixar de registar a emoção de ver uma obra dedicada ao cante
alentejano.
Muitas das manifestações da nossa
cultura mais tradicional vão caindo em desuso e apresentadas fundamentalmente
em ocasiões especiais ou ligadas a iniciativas locais ou regionais de
comemoração.
Sem querer ser injusto, creio que
o fado em Lisboa, (estou a falar só do que conheço) e o cante do Alentejo são das tradições ainda
podem ser escutadas numa qualquer situação informal, à noite numa taberna, por exemplo.
Em várias ocasiões já assisti,
não me atrevo a dizer que participei, em petiscadas em que o pessoal, só
homens, lá mais para o fim da noite, depois das "lérias" e das
"anadotas" se envolvia no cante. É algo de tão profundo e de dentro que
nos não pode deixar indiferente.
O Mestre Marrafa era cantador num
dos coros lá da vila e a mulher também cantava no coro feminino, menos
frequente. Fui assistir a algumas apresentações e cada vez era como a primeira,
é um canto da alma que sai pela voz.
De vez em quando o Mestre Marrafa
vai-me passando algumas das modas que faziam parte da lida e do cante, o cante
faz parte da lida. Os olhos dele brilham a dizer as modas. Os meus também, a
ouvir.
É também pelo cante que mesmo
quando não estamos no Alentejo, o Alentejo está em nós.
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