"Meio milhão de portugueses precisa de ajuda alimentar"
Nunca é demais chamar a atenção para
a situação de extrema dificuldade que muitas famílias atravessam para assegurar
condições básicas de qualidade de vida como a alimentação.
Sabe-se também que as crianças e
idosos constituem grupos altamente vulneráveis a situações de privação.
Neste contexto e com também é público, muitas crianças e adolescentes encontram na escola a única refeição
consistente e equilibrada a que acedem levando a que em muitas autarquias as
cantinas escolares funcionem também no período de férias..
O próprio MEC procurou responder
a este tipo de situações durante o ano
lectivo anterior através do PERA - Programa Escolar de Reforço Alimentar.
O impacto das circunstâncias de
vida no bem-estar das crianças e em aspectos mais particulares no rendimento
escolar e comportamento é por demais conhecido e essas circunstâncias
constituem, aliás, um dos mais potentes preditores de insucesso e abandono
quando são particularmente negativas, como é o caso de carências significativas
ao nível das necessidades básicas.
Um Relatório de 2013,
"Food for Thought", da organização Save the Children, afirmava que
25% das crianças terão o seu desempenho escolar em risco devido à
malnutrição com as óbvias e pesadas consequências em termos de qualificação e
qualidade de vida de que a educação é uma ferramenta essencial.
Em qualquer parte do mundo,
miúdos com fome, com carências, não aprendem e vão continuar pobres. Manteremos
as estatísticas internacionais referentes a assimetrias e incapacidade de
proporcionar mobilidade social através da educação. Não estranhamos. Dói mas é
“normal”, é o destino.
Quando penso nestas matérias
sempre me lembro da história, umas das maiores lições que já recebi e que já
contei várias vezes e que me aconteceu há uns anos em Inhambane, Moçambique. Ao
passar por uma escola para gaiatos pequenos o Velho Bata, um homem velho e sem
cursos, meu anjo da guarda durante a estadia por lá, me dizer que se mandasse
traria um camião de batata-doce para aquela escola. Perante a minha estranheza,
explicou que aqueles miúdos teriam de comer até se rir, “só aprende quem se
ri”, rematou o Velho Bata.
Pois é Velho, miúdos com fome não
aprendem e vão continuar pobres.
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