sexta-feira, 12 de setembro de 2014

UM HOMEM CHAMADO PORMENOR

Era uma vez um homem que se chamava Pormenor. Era pequenino e muito discreto. Durante toda a sua vida nunca foi objecto de grande atenção.
Foi o último de seis irmãos, a família limitou-se a assegurar os serviços mínimos educativos. Enquanto andou na escola, o Pormenor passava o tempo a um canto das salas ou do recreio, sem dar nas vistas, praticamente despercebido.
Viveu só e anónimo num apartamento minúsculo de uma daquelas torres enormes dos subúrbios onde nem os vizinhos conhecia, embora de quando em vez se cruzasse com alguns nos elevadores.
Com alguma sorte e a “ajuda” de um tio bem colocado o Pormenor arranjou um emprego tranquilo onde numa secretária colocada a um canto de uma sala mal iluminada passava os dias viajando entre o computador e os papéis.
Quando morreu, um dos irmãos mandou tratar do funeral a que ninguém compareceu.
E assim foi a sua pequenina e discreta vida. No fundo, não passava de um Pormenor e, como se sabe, o mundo não liga a pormenores. Mesmo que sejam pessoas.

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