Era uma vez um homem que se
chamava Pormenor. Era pequenino e muito discreto. Durante toda a sua vida nunca
foi objecto de grande atenção.
Foi o último de seis irmãos, a
família limitou-se a assegurar os serviços mínimos educativos. Enquanto andou
na escola, o Pormenor passava o tempo a um canto das salas ou do recreio, sem
dar nas vistas, praticamente despercebido.
Viveu só e anónimo num
apartamento minúsculo de uma daquelas torres enormes dos subúrbios onde nem os
vizinhos conhecia, embora de quando em vez se cruzasse com alguns nos
elevadores.
Com alguma sorte e a “ajuda” de
um tio bem colocado o Pormenor arranjou um emprego tranquilo onde numa
secretária colocada a um canto de uma sala mal iluminada passava os dias
viajando entre o computador e os papéis.
Quando morreu, um dos irmãos
mandou tratar do funeral a que ninguém compareceu.
E assim foi a sua pequenina e
discreta vida. No fundo, não passava de um Pormenor e, como se sabe, o mundo
não liga a pormenores. Mesmo que sejam pessoas.
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