Este fim-de-semana é tempo da Feira d’Aires cá no concelho. Aqui
no Monte, enquanto não chega a trovoada que se ouve lá ao longe e tem acompanhado
a chegada do Outono, é tempo de apanhar as nozes ou, como fala o Mestre
Marrafa, de estar de posse das nozes.
A chuva acelerou o amadurecimento e estão quase todas na altura
boa para serem colhidas. As nogueiras não têm tantas quanto o ano passado mas
as suficientes para ocupar umas horas largas de apanha e umas noites para as
quebrar à lareira depois de secarem umas semanas.
Apanhar e, sobretudo, libertar as nozes do invólucro que as
contém, é algo que deixa as mãos com um escuro oleoso que demora dias a tirar.
Quando ando de posse das nozes sempre me lembro a história,
mais uma, que o Velho marrafa nos contou.
Nos tempos idos a apanha das nozes era uma tarefa para
mulheres e não se usavam luvas de trabalho. Aliás, alguns dos meus amigos
alentejanos que passam aqui no Monte ainda gozam comigo por usar luvas na lida.
Pois nesse tempo, havia alguns feitores e agrários malinos
que obrigavam as raparigas a apanhar as nozes nas vésperas da Feira d’Aires
para que fossem de mãos sujas para a festa. Histórias antigas do Alentejo onde
muita gente passou, e passa, muito mal.
Na verdade, fazer este trabalho com as luvas é bem diferente
embora, por não ter reparado que uma das luvas estava rota, tenha um dedo
"inapresentável" e quase gasto de tanto esfregar para ver se se “apaga”
o negro.
É verdade, chegou mesmo o Outono ao Alentejo.
Bom, tenho que ir continuar de posse das nozes, a trovoada está
mais perto.
PS - A trovoada chegou mesmo e a sério. Não veio só, trouxe água de pedra como por aqui se diz. Pedras maiores que ervilhas.
PS - A trovoada chegou mesmo e a sério. Não veio só, trouxe água de pedra como por aqui se diz. Pedras maiores que ervilhas.
1 comentário:
Excelente texto e empolgante leitura :)
Uma excelente continuação
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