"Escolas com piores resultados vão ter créditos horários"
Acabei de ler no Blogue do Paulo Guinote e, desculpa lá Paulo, mas fui ver para crer. Não me orgulho de o afirmar, mas fico sempre com alguma reserva face a notícias emanadas da 5 de Outubro.
E de facto o Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, João Granjo, referiu que oitenta escolas com níveis significativos de insucesso também acederão a credito horário de forma a criarem dispositivos de apoio que minimizem dificuldades. Esta decisão corrige uma situação inaceitável.
A atribuição de mais meios ou recursos, no caso créditos
horários a escolas que tenham promovido melhoria de resultados das escolas tinha,
evidentemente, aspectos positivos. No entanto, como tenho referido desde a introdução deste
dispositivo, era incompreensível que as escolas que mais dificuldades sentem na
promoção de trabalho mais eficaz de alunos e professores, justamente as que
mais apoios e recursos precisariam para lidar com esse enorme conjunto de
dificuldades não acedessem a crédito horário.
Por outro lado e como também tenho dito, para além das
especificidades de natureza contextual que contribuem para cenários mais
complicados, vários dos aspectos da PEC - Política Educativa em Curso estarão
associados a dificuldades criadas às escolas como cortes de professores e
funcionários, insuficiência de dispositivos de apoio, mudanças curriculares
inconsequentes, a excessiva concentração de alunos, o clima e a instabilidade
nas escolas, a centralização excessiva que retira autonomia às escolas, etc.
Neste quadro deve sublinhar-se a evolução na posição do MEC
nesta matéria.
Desejável seria que tal evolução se registasse também noutros aspectos da PEC.
4 comentários:
Desejável seria também que este tipo de "apoio" fosse estendido às escolas que efectivamente viram melhorado o seu trabalho nas diferentes vertentes da sua actuação. Existem escolas que nem todos conhecemos... A Teia de uma escola tece-se em diferentes direcções, e todas no seu conjunto conseguem o equilíbrio...
Acho eu...
Ver para crer e só agora no começo das aulas é que se lembraram disso?...não, aguardarei pois não vá ser mais uma campanha eleitoralista.
Lamento dizer isto, acredita que Nuno Crato marcaria a diferença...mas tem sido uma decepção dantesca, pois o Chefe é quem mais ordena, mas...deixo a mas que engloba imensas hipóteses.
Claro que esta medida não branqueia a desastrosa e eticamente "delinquente" política educativa, Face à decisão inicial é uma alteração positiva embora, como tenho escrito, em matéria de recursos e apoios a professores e miúdos estamos muito, muito longe do desejável e a responsabilidade de Crato é fortíssima ainda que não o único.
Para contribuir para “a coesão territorial e para a fixação de jovens qualificados no interior do país”, o Governo criou 1.000 vagas, no ensino superior público continental, para bolsas de 1.500 euros para a mobilidade de estudantes.
Destas, atribuiu ao Instituto Politécnico de Santarém 75 vagas, e ao Instituto Politécnico de Tomar 80 vagas, ou seja, no Distrito de Santarém, contíguo ao de Lisboa, o Governo atribuiu 155 vagas.
Uma das questões que se coloca, é se a cidade de Santarém, capital do distrito, que dista cerca de 60 km da cidade de Lisboa, integra parte do território continental desabitado e abandonado que esta medida aparenta visar?
Ou, se ao invés, não será este mais um dos casos que só as teias da política explicam.
Como é o caso da existência de 2 Institutos Politécnicos num mesmo distrito, caso único no país, e ainda por cima, a poucos km de Lisboa.
Por outro lado, será que o úbere Ribatejo, que num mesmo distrito – o de Santarém – averba 15,5 % destas 1.000 vagas, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
Da mesma perplexidade enferma a atribuição ao Instituto Politécnico de Viana do Castelo de 100 destas vagas.
Mas será que o Minho, mais concretamente Viana do Castelo, integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono?
É que, se no alto critério deste Governo, o Minho integra o Portugal profundo, desabitado e ao abandono, então olvidou-se da sua universidade – a Universidade do Minho – pela qual certamente os alunos terão muito maior apetência, atenta a preferência dos alunos, e das suas famílias, pelo ensino universitário em detrimento do ensino politécnico, como resulta à saciedade dos resultados a 1.ª fase de colocações no ensino superior.
Das 1.000 bolsas criadas, o Governo de supetão atribuiu 25,5 % destas vagas com um critério que no mínimo é duvidoso. A menos que considere, que o interior do país é tudo o que não for em Lisboa, critério este que esbarra com o óbice de apenas ter atribuído as vagas para as bolsas a algumas das instituições de ensino superior público que se situam fora de Lisboa, algumas à porta desta capital.
Diz o povo, “que os amigos são para as ocasiões”, espero que não seja o caso, o país está exausto de clientelismo.
A questão deve ser aprofundada, e o Governo deve explicações ao país.
Porque foram apenas estas 12 instituições de ensino superior público, de fora de Lisboa, (3 Universidades e 9 Institutos Politécnicos), contempladas com estas 1.000 vagas e as demais não o foram?
Uma vez que o território nacional é composto por Portugal continental e pelos arquipélagos dos Açores e da Madeira. De cabal explicação também carece porque é que o Governo apenas atribuiu vagas para estas bolsas em Portugal continental?
Numa análise superficial até se pode entender que esta medida, porque não teve influência nas candidaturas da 1.ª fase, é lançada em momento inusitado. Porém, num juízo mais cuidado, até se pode entender que este é o momento é ideal para, através de “dumping”, recrutar para as 12 instituições selecionadas mais 1.000 alunos, com vaga noutras instituições, explorando à saciedade a debilidade económica de inúmeras famílias portuguesas para as quais 1.500 euros é uma soma importante.
Quiçá, seja até por isto, que as instituições de ensino superior público dos arquipélagos dos Açores e da Madeira não foram comtemplados. Uma vez que, em cada um destes arquipélagos só há uma instituição de ensino superior, ao Governo não é possível tornar mais atractivo economicamente a inscrição numa em detrimento de outras.
Quiçá estas bolsas mais não sejam do que o recrutamento de 1.000 alunos, que tinham vaga noutras instituições, para 12 instituições de ensino superior público eleitas, aproveitando a insuficiência económica de inúmeras famílias portuguesas para as quais 1.500 euros é uma soma importante.
Em suma, tirar a umas alunos para os dar a outras à custa de dinheiros públicos. Mais concretamente, 1.500 000 euros.
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