"EPIS duplica investimento no combate ao insucesso escolar abrangendo sete mil alunos"
Desde 2007, a Associação
Empresários pela Inclusão Social - EPIS tem em desenvolvimento em
algumas dezenas de escolas do país um programa de combate ao abandono escolar e
de promoção do sucesso que tem atingido resultados positivos. Estes resultados
positivos sustentaram o desenvolvimento do programa noutros países da Europa.
A intervenção assenta na criação
de equipas de mediadores que promovem ou reconstroem, através de metodologias
diferenciadas, uma relação mais positiva com o contexto escolar por parte
de alunos em risco significativo de abandono e insucesso e também das suas
famílias.
Apesar de há algum tempo se ter conhecido
o risco de diminuição da intervenção da EPIS por constrangimento nos recursos,
foi hoje divulgado que protocolos assinados com o MEC e com as Regiões
Autónomas e o estabelecimento de novas parcerias com autarquias tornarão
possível passar durante este ano lectivo de 100 escolas envolvidas para 169, de
3766 alunos para cerca de 7000, de 84 mediadores para 155, sendo que o MEC
triplica o número de professores colocados neste programa, serão 50.
Este modelo, a utilização de
mediadores na relação de alunos em dificuldade e as suas famílias com a escola,
também tem sido utilizado em projectos com resultados positivos desenvolvidos
pelos Gabinetes de Apoio ao Aluno e à Família, estruturas criadas em algumas
escolas no âmbito da acção do Instituto de Apoio à Criança.
A existência de uma figura de
mediação em contexto escolar, que transcende a função fundamental,
subvalorizada e subaproveitada do meu ponto de vista, do Director de Turma, com
o recurso a metodologias diferenciadas de trabalho com alunos, professores e
famílias é, reconhecidamente, um contributo muito importante para a qualidade
dos processos educativos e do trabalho de alunos e professores, diminuindo
riscos de insucesso e abandono.
Nesta perspectiva levanta-se uma
questão que me parece importante. Por um
lado, a EPIS é uma associação de empresários que no âmbito da responsabilidade
social e mecenato apoiam o desenvolvimento destas actividades em escolas públicas
e o IAC é também uma estrutura exterior à escola.
Por outro lado, na educação e
ensino públicos temos vindo a assistir a uma significativa dispensa de
professores à custa do aumento do número de alunos por turma, do aumento do
trabalho burocrático, de mudanças curriculares que parecem orientadas pela
redução de professores, redução dos dispositivos de apoio ao trabalho de alunos
e professores.
Os professores
"dispensados" e "descartáveis" poderiam com relativa
facilidade e formação desenvolver nas escolas o trabalho de mediação, por
exemplo, que estruturas e meios, muitas vezes exteriores à escola vêm realizar,
sendo que assim se abrangeriam as escolas públicas, todas as que necessitassem,
não apenas as "privilegiadas" que acedem aos projectos da EPIS
ou do IAC com critérios certamente ponderados mas que deixarão de fora
comunidades com dificuldades.
A questão é que medidas desta
natureza implicam a defesa de uma escola pública para todos, repito, para todos, algo que parece
cada vez mais fora da agenda do MEC, ou seja, é a própria escola pública que
está em risco de abandono pois não pode, não deve, estar dependente da
responsabilidade social ou do mecenato das empresas por mais interessante que possa ser.
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