Um trabalho de hoje no Público retoma
a sempre presente questão dos consumo de drogas.
De acordo com os especialistas está a verificar-se uma
recaída no consumo por parte de muitas pessoas, bem como a dificuldade no
acesso a consultas e programas por questões económicas. Parece também verificar-se um acréscimo no consumo
de diferentes substâncias, incluindo o álcool.
Embora não possa ser estabelecida uma relação de
causa-efeito, as actuais circunstâncias de vida de muita gente criam contextos
de fragilidade e desesperança, favoráveis à busca de um escape que pode ser
retomar o consumo ou iniciá-lo, seja do que for. A experiência de outros países
mostra quadros semelhantes.
Por outro lado, para além disto importa considerar as
alterações significativas que têm vindo a ser produzidas no universo das
estruturas e modelos de resposta à questão da toxicodependência que, como
também muitos técnicos desta área salientam, retiram eficácia por
desajustamento da organização ou falta de meios e recursos, com reflexos
evidentes nos casos de recaídas bem como no aumento dos comportamentos de
consumo.
Como sempre afirmo, existem áreas de problemas nas
comunidades em que os custos da intervenção são
claramente sustentados pelas consequências da não intervenção. A
toxicodependência é uma dessas áreas. Um quadro de toxicodependência não
tratado desenvolve-se habitualmente, embora possam verificar-se excepções, numa
espiral de consumo que exige cada vez mais meios e promove mais dependência.
Este trajecto potencia comportamentos de delinquência, alimenta o tráfico,
reflecte-se nas estruturas familiares e de vizinhança, inibe desempenho
profissional, promove exclusão e guetização. Este cenário implica por sua vez
custos sociais altíssimos e difíceis de contabilizar.
Costumo dizer em muitas ocasiões que se cuidar é caro façam
as contas aos resultados do descuido. Assim sendo, dificilmente se entendem
algumas opções.
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