sábado, 8 de março de 2014

MULHERES

Não há volta a dar, 8 de Março, o calendário das consciências manda reparar nas mulheres. Para além das iniciativas que fazem parte da liturgia comemorativa, reparemos então.
Reparemos como tem aumentado a violência doméstica incluindo homicídios ou, pelo menos, o conhecimento público desses episódios, sendo boa parte dos episódios não são sequer objecto de procedimento.
Reparemos como se mantém a diferença de oportunidades e a desigualdade salarial apesar das mudanças legislativas.
Reparemos na dificuldade que muitas mulheres em Portugal têm em conciliar maternidade com carreira, adiando ou inibindo uma ou outra, sendo cada mais preterida a maternidade.
Reparemos em como as mulheres portuguesas são das que na Europa mais horas trabalham fora de casa.
Reparemos na necessidade de imposição legal de quotas para garantia de equidade.
Reparemos na desigualdade no que respeita à ocupação de postos de chefia.
Reparemos nos números do tráfico e abuso de mulheres que também passa por Portugal.
Reparemos na criminosa mutilação genital feminina, também realizada em Portugal.
Reparemos como a igreja continua a discriminar as mulheres.
Reparemos na quantidade de mulheres idosas que vivem sós, sobrevivem isoladas e acabam por morrer de sozinhismo sem que ninguém, quase, se dê conta.
Reparemos, finalmente, no que ainda está por fazer.
Até para o ano, portanto.

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