Meu amigo José,
Em primeiro lugar desejo que esta te vá encontrar de boa saúde, assim como todos os teus e que, de resto, estejam bem. Os teus netos já devem estar crescidos.
Da última vez que me
escreveste estavas muito contente porque era Verão e ias passear com eles para
o parque. Ainda continuas a fazer aquela voltinha de todos os dias, com sol ou
com chuva, com frio ou com calor? Ainda me lembro. O jornal na papelaria do
Jacinto, dois dedos sobre futebol com o Manel da farmácia, grande fanático do
Sporting, a bica no Central e a conversa com a rapaziada do nosso tempo. Depois
ainda começaste a ir buscar os netos à escola. Gostava também de saber se tens
visto a Maria e se ela está bem. Há muito tempo que não sei dela e, como sabes,
sempre lhe tive um fraquinho. Quando me escreveste, disseste que ias passar uns
dias com a tua filha Sara que está no estrangeiro, na Inglaterra, se bem me
lembro. Sempre foste? E gostaste?
Olha José, se por acaso vieres para estes lados, vem fazer-me uma visita. Bom, já fico contente quando me escreves.
Olha José, se por acaso vieres para estes lados, vem fazer-me uma visita. Bom, já fico contente quando me escreves.
Sabes José, sobre a minha
vida, para além de perceberes que ainda estou vivo, não tenho muito a dizer-te.
Desde que fiquei só e velho e me trouxeram para este lar, a minha vida é coisa
nenhuma, uns dias encadeados nos outros. À espera.
Recebe um abraço deste teu amigo de sempre,
Recebe um abraço deste teu amigo de sempre,
João
PS – José, se vires alguém dos
meus, diz-lhes que estou muito feliz, não os quero incomodar.
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