Creio que qualquer de nós consegue perceber que uma classe
política, que salvo honrosas excepções é medíocre, vive e mantém-se com base
num complexo jogo de interesses e equilíbrios na gestão e distribuição dos
poderes, desde logo nos aparelhos partidários, a incubadora ideológica e ética
desta gente, e, naturalmente, no aparelho político do país que assim está
capturado pela partidocracia. Esta mediocridade é que parece irrevogável.
O que esta gente parece incapaz de compreender é o efeito
devastador que o seu comportamento e os seus discursos têm numa
população massacrada a viver num mar de dificuldades, a viver um momento de
desesperança e insiste nos jogos de gestão dos poderes apesar da retórica das
afirmações que são um insulto à inteligência e à ética.
Creio que o descontentamento e desconfiança de muitos dos
cidadãos, traduzidos em percentagens de abstenção acima dos 50%, mostram que
importa pensar numa participação política para lá dos partidos. Algumas manifestações com grande mobilização que escaparam à lógica da partidocracia,
bem como iniciativas de grupos de cidadãos mobilizados por causas, dão sinais
nesse sentido.
Existe, tem que existir política para além dos partidos, que
se reformam ou tenderão a implodir com riscos para própria democracia cuja saúde
já está debilitada.
O drama é que, de quem é parte do problema não podemos
esperar que seja parte da solução.
Com muita frequência ouvimos dizer que temos o que
merecemos. Não concordo, não merecíamos tal sorte.
O problema é que as alternativas não são animadoras.
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