domingo, 2 de março de 2014

A IRREVOGÁVEL MEDIOCRIDADE


Creio que qualquer de nós consegue perceber que uma classe política, que salvo honrosas excepções é medíocre, vive e mantém-se com base num complexo jogo de interesses e equilíbrios na gestão e distribuição dos poderes, desde logo nos aparelhos partidários, a incubadora ideológica e ética desta gente, e, naturalmente, no aparelho político do país que assim está capturado pela partidocracia. Esta mediocridade é que parece irrevogável.
O que esta gente parece incapaz de compreender é o efeito devastador que o seu comportamento e os seus discursos têm numa população massacrada a viver num mar de dificuldades, a viver um momento de desesperança e insiste nos jogos de gestão dos poderes apesar da retórica das afirmações que são um insulto à inteligência e à ética.
Creio que o descontentamento e desconfiança de muitos dos cidadãos, traduzidos em percentagens de abstenção acima dos 50%, mostram que importa pensar numa participação política para lá dos partidos. Algumas manifestações com grande mobilização que escaparam à lógica da partidocracia, bem como iniciativas de grupos de cidadãos mobilizados por causas, dão sinais nesse sentido.
Existe, tem que existir política para além dos partidos, que se reformam ou tenderão a implodir com riscos para própria democracia cuja saúde já está debilitada.
O drama é que, de quem é parte do problema não podemos esperar que seja parte da solução.
Com muita frequência ouvimos dizer que temos o que merecemos. Não concordo, não merecíamos tal sorte.
O problema é que as alternativas não são animadoras.


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