A lida profissional trouxe-me hoje até ao Minho a uma casa
onde me sinto bem, a Universidade do Minho.
Neste fim de tarde que, finalmente, é de Sol e aconchegado
de quentura passei por um Parque onde brincavam alguns miúdos.
De repente fiquei a pensar que já poucas vezes se vêem
miúdos a brincar na rua.
Há muitos anos, lembro-me bem, ainda brincávamos na rua,
melhor dizendo, ainda brincávamos. É certo que muitos de nós não tiveram muito
tempo para brincar, logo de pequenos ficaram grandes. Não tínhamos muitos
brinquedos, mas tínhamos um tempo e um espaço onde cabiam todas as
brincadeiras.
Entretanto, chegaram outros tempos. Tempos que não são de
brincar, são de trabalhar, dizem.
Roubaram aos miúdos o tempo e o espaço que nós tínhamos e
empregam-nos horas sem fim numas fábricas de pessoas, escolas, chamam-lhes.
Aí os miúdos trabalham a sério pois, só assim, serão grandes a sério, acham.
Às vezes, alguns miúdos ainda brincam de forma escondida, é
que brincar passou a uma actividade clandestina que só pais ou professores
“românticos” e “incompetentes” acham importante, acusam.
Muitos outros miúdos têm um "enriquecimento curricular" ou vão para umas coisas a que chamam
“tempos livres” ou outra designação, que de livres têm pouco, onde,
frequentemente, se confunde brincar com entreter e, outras vezes, acontece a
continuação do trabalho que se faz na fábrica. É importante, entendem.
Se verdade, se perguntassem aos miúdos, coisa que se faz
poucas vezes, iriam ficar a saber que brincar é a actividade mais séria que
fazem, em que põem tudo o que são, sendo ainda a base de tudo o que vão ser.
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