segunda-feira, 24 de março de 2014

DOS OVOS E DAS OMELETAS


O Relatório da Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência agora conhecido mostra a a análise de impacto dos artigos científicos produzidos em Portugal.
O resultado mostra que na generalidade das áreas científicas consideradas os indicadores de impacto são baixos comparados com a média europeia. Tal constatação servirá, de forma muito oportuna, para o Primeiro-ministro reforçar o seu discurso sobre a pouca relevância da produção científica portuguesa. Não estranharei.
Não sendo uma pessoa desconfiada, certamente porque não era esse o objectivo do Relatório, não se refere que o investimento médio europeu em ciência, dados de 2012, é de 461 euros por habitante e em Portugal foi de 262,8, pouco mais de metade. Parece, no entanto, um dado a ter em conta.
A velha história dos ovos e das omeletas.
Já que se trata de um estudo de impacto, aguardemos a análise dos efeitos da negrura crática que se abateu em 2013/2014 sobre a ciência e a investigação em Portugal, com um desinvestimento significativo e cortes em bolsas de doutoramento e pós-doutoramento, levando ao abandono e a dificuldades em muitos programas e estruturas de investigação.
Um oportuníssimo relatório, na verdade.

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