sábado, 22 de março de 2014

OS VISTOS GOLD DE ENTRADA E OS VISTOS DARK DE PARTIDA

No final de Janeiro, o Ministro Rui Machete informa que nas três primeiras semanas do ano foram emitidos 49 vistos "gold" representando um investimento de 27 milhões de euros.
Na altura. Rui Machete, afirmou a sua convicção de que "2014 será mais um ano promissor" no que se refere a um negócio em expansão, a venda de vistos gold a estrangeiros em troco de investimento em Portugal. Durante 2013 Portugal concedeu cerca de 470 vistos para actividade de investimento, num total que rondou os 300 milhões de euros, investidos fundamentalmente na compra de imobiliário.  Os cidadãos estrangeiros que desta forma mais "investem" em Portugal, são os chineses, claro, seguindo-se cidadãos da Rússia, Brasil, Angola e África do Sul.
A notícia de hoje na imprensa relativa à detenção de um rapaz chinês dado a actividades pouco "gold", por assim dizer, e que tinha tido acesso a um dos vistos vendidos por Portugal e que são uma chave para a entrada no espaço Schengen, quase toda a Europa, mostra um excelente exemplo do que está envolvido no "investimento" em vistos por parte de alguns cidadãos muito empreendedores e dos riscos óbvios daí decorrentes.
Por outro lado e a propósito deste movimento de chegadas e partidas e considerando a contabilidade relativa aos que de fora cá dão um pulo para "investir" a troco de vistos gold, seria interessante fazer as contas relativamente ao que perdemos com a partida de muitos milhares de jovens altamente qualificados que depois de cá adquirirem formação se sentem obrigado a partir a troco de um futuro pois por cá ... as portas estão fechadas, recebem um visto dark de partida. São muitos, demasiados, milhões de euros que se perdem, no investimento feito e nas consequências económicas e sociais da partida, muitas vezes definitiva.
Eu sei que a economia é um universo demasiado sofisticado para que um cidadão comum possa entender os seus meandros, mas este não pode ser o caminho.

Sem comentários: