Era uma vez um rapaz. Deste, não
me lembro bem do nome, mas creio que se chamava Rapaz. Na escola as coisas não
corriam muito bem, os resultados eram baixos e o comportamento também não era
muito positivo. O curioso é que toda a gente que falava do Rapaz e dos problemas
que ele dava, acabava sempre por afirmar, “se ele quisesse”.
Todos os professores que o foram
conhecendo, invariavelmente, acabavam por achar, “se ele quisesse”.
A direcção da escola, sempre que
recebia mais uma queixa, lá afirmava “se ele quisesse”.
Os funcionários da escola, também
já tinham aprendido que, quando se falava do Rapaz, a conclusão era,
obviamente, “se ele quisesse”.
Até os colegas, parte deles,
também já se tinham habituado a pensar o Rapaz a partir do “se ele
quisesse”.
Um dia, uma das professoras
falava com o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala com os livros, e,
claro, a conversa foi ter aos problemas levantados pelo Rapaz e, finalmente, no
inevitável “se ele quisesse”.
O Velho pensou e falou naquele
jeito baixo. “Quando algum de vocês falar com o Rapaz, experimente
perguntar porque é que ele não quer, mas espreitem bem para dentro dos olhos
dele. Para sossegar o medo que ele deve sentir, e para que o Rapaz veja nos
vossos olhos que vocês querem que ele queira, porque, talvez, ele não saiba
isso”.
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