A prova, os professores e os sindicalistas
Apesar da sabedoria popular afirmar não ser de "gastar cera com tão ruim defunto", a prosa de André Azevedo Alves no Observador sobre a sinistra Prova de Avaliação de Conhecimentos e Capacidades definida o acesso à carreira docente uma sugere uma nota telegráfica.
Contrariamente a muitos dos comentadores que defendem a prova e a bondade da sua existência estabelecendo, por desconhecimento da própria Prova, um equívoco em torno da questão mais lata da avaliação de professores, André Azevedo Alves alimenta intencionalmente e de forma pouco séria este equívoco desde logo estabelecendo o seu enquadramento com a admissão de funcionários da administração.
Não está evidentemente em causa a avaliação do desempenho dos professores ou a forma de admissão na administração, mas sim a avaliação do nível de "conhecimentos" e "capacidades" para se ser professor.
Partindo do pressuposto que exista por parte do Ministério da Educação a exigência de um dispositivo que lhe permita avaliar os candidatos a professor, tal dispositivo só pode ser estruturado assente naquilo que é a essência da função docente, o trabalho em sala de aula com os alunos, por exemplo, um ano probatório, aliás, já usado no nosso sistema, com prática e relatórios avaliados por avaliadores competentes. Este é o modelo mais utilizado e o que, obviamente melhor permite avaliar como um candidato a professor desempenha a profissão que quer abraçar.
André Azevedo Alves sabe, seguramente, que assim que deve ser, pelo que uma Prova com as características da que Nuno Crato obrigou professores experientes a realizar, com 32 itens de resposta múltipla, com questões fora do que é o trabalho docente e um texto de desenvolvimento com um máximo de 350 palavras e um mínimo de 250, além da inadequação aos objectivos "Avaliar Conhecimentos e Capacidades" é, de facto, uma humilhação aos candidatos a professor (muitos já o são e foram avaliados enquanto tal) mas também a todos os professores. Parece, aliás, claro que com esta sinistra Prova o objectivo não é "escolher os melhores", o mantra de Crato mas eliminar mais alguns.
Os seus argumentos de louvor à sinistra Prova e a Nuno Crato e de ataque aos professores são legítimos, sem dúvida, mas não são sérios.
Mas também porque haviam de ser?
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