"Como Obiang isolou Portugal e fez xeque-mate em Fevereiro"
O Público aborda hoje num extenso
trabalho uma das mais vergonhosas situações que envolvem a diplomacia
portuguesa e a sua política de "negócios estrangeiros". No próximo
dia 23 de Julho na cimeira da CPLP a realizar em Dili, a Guiné Equatorial será
aceite como membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. É
absolutamente escandaloso tal processo. O Dr. Rui Machete, Ministro
português(?) dos Negócios Estrangeiros afirmava em 2 de Março que não "existiam
razões para duvidar" da palavra da Guiné Equatorial. A realidade desmente,
obviamente, a afirmação do do Dr. Machete, vendido aos "negócios
estrangeiros" no sentido literal do termo.
Como é evidente, a não ser
que seja por "honoris causa" de que se não vislumbra a razão, não se
percebe muito bem como um país que tem como língua oficial o castelhano, foi
uma antiga colónia de Espanha, vai administrativamente mudar a sua língua
oficial e passar a falar português para integrar a CPLP.
É ainda reconhecido o regime
ditatorial, cleptocrata e corrupto que a governa, com a família governante perseguida pela justiça internacional, a miséria brutal em que vive
a esmagadora maioria do seu povo, desrespeito absoluto por direitos humanos
incluindo a pena de morte em vigor, etc. e, sobretudo, como esta adesão, um
"final feliz" como lhe chamou o Secretário de Estado Campos
Ferreira, poderá ser um favor ao regime que lave a sua imagem e isolamento na
comunidade internacional.
É certo que a CPLP corre também o
risco de se transformar em Comunidade dos Países de Língua Acordesa, mas a
entrada de um país de língua castelhana ou, uma nova variante transitória, o
"conhecido portunhol" é algo de estranho, no mínimo.
Tem rigorosamente nada a ver com este
processo, evidentemente, mas a Guiné Equatorial é o terceiro maior produtor de
petróleo da África subsariana.
Talvez Rui Machete quando referia
que não tinha razões para duvidar do regime da Guiné Equatorial tivesse em
mente as promessas de injectar dinheiro no Banif ou noutros "negócios
estrangeiros" que comprem esta adesão e a tentativa de branqueamento
internacional.
Uma "semvergonhice" decorrente da "realpolitik".
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