"A Educação a jogar ao Monopólio"
"Ministério da Educação quer “escolas municipalizadas” em vários concelhos já no ano lectivo 2014/2015"
Sobre a ideia da municipalização
das escolas anunciada pelo MEC para ser operacionalizada a "todo o
vapor", "p'rá frente" e "em força", ainda que numa
fase experimental, três notas breves, certamente irrelevantes e evidentemente
cautelosas. São assim os velhos do Restelo, apesar de não ser do Restelo ...
nem assim tão velho.
Em primeiro lugar uma pequenina
chamada de atenção para que descentralizar não significa
"municipalizar". Assim sendo, promover descentralização, difícil num
MEC altamente centralista embora assuma a retórica da autonomia, não tem de
passar necessariamente por municipalizar.
Acresce que fazer depender os
avanços da autonomia das escolas do envolvimento em projectos de
municipalização é manha política, tal como se verifica com os actuais contratos
de autonomia. Das duas uma, ou a autonomia das escolas é (eu creio que é) uma
ferramenta de desenvolvimento das comunidades educativas e, como tal, deve
estender-se ao universo das escolas e agrupamentos, ou a autonomia é apenas um
instrumento de natureza facultativa, uma coisa eventualmente, interessante a
que algumas escolas podem recorrer se o entenderem criando diferenças
estruturais indesejáveis no sistema. Aliás, deve ainda salientar-se que o que
tem sido feito em matéria de autonomia é pouco relevante continuando o sistema
altamente centralizado e de uma burocracia esmagadora com frequentemente os
directores de escolas e agrupamentos referem.
Por outro lado, talvez fosse de
estudar as experiências nesta matéria que está longe de ser consensual quando
se atenta no que se passa noutros sistemas educativos, para que se minimizem os
evidentes riscos de natureza variada que esta aventura pode fazer correr. Por
outro lado, talvez fosse de estudar as experiências nesta matéria que está
longe de ser consensual quando se atenta no que se passa noutros sistemas
educativos, para que se minimizem os evidentes riscos de natureza variada que
esta aventura pode fazer correr, desde logo ao nível do modelo de financiamento, e a contratação de docentes, a questão que parece estar a informar esta decisão como aliás boa parte das decisões de política contabilística em que se transforma a política educativa.
As experiências de envolvimento
local nas escolas e agrupamentos, designadamente, nas direcções, nos Conselhos
gerais e na colocação de funcionários e docentes (nas AECs, por exemplo) estão
cheias de exemplos de caciquismo, tentativas de controlo político, amiguismo
face a interesses locais, etc. Assim sendo, talvez seja recomendável alguma
prudência.
Ainda nesta matéria e dados os
recursos económicos disponíveis, poderemos correr o risco de se aumentar o
"outsourcing" e a promoção de PPPs que já existem nas escolas com
resultados pouco positivos, caso de apoios educativos e do recurso a empresas de prestação de
serviços, (de novo o exemplo das AECs).
Finalmente, sendo certo que o MEC
anuncia uma fase experimental a que se segue uma avaliação e posterior tomada
de decisão, a experiência com esta equipa da 5 de Outubro mostra que tendo decidido
por este caminho, os resultados da avaliação serão irrelevantes ou virão a legitimar
o que já se decidiu, veja-se o que se passou com a generalização do ensino
vocacional a centenas de escolas antes de se concluir a avaliação do trabalho
realizado pelas escolas que ensaiaram o modelo.
A ver vamos.
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