"Os bebés treinam mentalmente a fala meses antes de começarem a falar"
A propósito da divulgação deste estudo sobre a relação dos
bebés com a linguagem, umas notas aqui colocadas em Abril de 2011.
As muitas conversas em
que me envolvo com pais levam-me, por vezes, a ficar com alguma inquietação
sobre como comunicam com os filhos pequenos. Estas inquietações têm várias direcções.
Numas situações porque basicamente pode dizer-se que não há conversa, a família
é um grupo de pessoas com a chave da mesma casa, no dizer de um sociólogo cujo
nome não recordo. Outras situações inquietam-me porque encontro pais que
entendem que tudo, mas tudo, deve ser falado com as crianças e outras situações
ainda os que entendem que não vale a pena conversar com as crianças pequenas
porque elas não entendem.
Hoje, umas notas sobre
este último cenário. Não é raro que alguns pais não desenvolvam com os miúdos
conversas que não passem do registo do quotidiano imediato da escola ou da
brincadeira. Por vezes até utilizam um tom que sublinha o facto de se dirigirem
a pessoas (os miúdos) que não conseguem entender e conversar sobre coisas “mais
sérias”, ou seja, infantilizam conteúdos e formas de comunicação.
Pergunto com
frequência aos pais com quem estou se alguém fala alguma coisa de inglês e,
como é natural, há pessoas que apenas sabem meia dúzia de palavras até as que
dominam a língua inglesa com alguma proficiência. Mas quando pergunto se toda a
gente compreende mais em inglês do que aquilo que é capaz de expressar nessa
língua, a resposta é afirmativa por parte de todos. Na verdade,
independentemente do nível dos nossos conhecimentos, entendemos mais do que nos
dizem do que aquilo que sabemos dizer. E é também assim que aprendemos.
Com os miúdos passa-se
algo do mesmo tipo. Entendem bastante mais do que, por vezes, são capazes de
exprimir, mesmo as crianças com mais dificuldades. Assim sendo, vale a pena conversar com eles, envolvê-los nas nossas
conversas desde adequadas às idades (isto é uma outra questão que fica para
outra altura). Eles entendem bem mais do que acreditamos, valorizam a sua
presença e o facto de partilharmos ideias e opiniões com eles.
É bom para todos,
sobretudo porque se trata de uma família.
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