Desta vez em Viana do Castelo. Uma criança de três anos e
meio caiu de uma altura de 10 metros no prédio onde vive com a família.
O povo costuma dizer que “ao menino e ao borracho, põe Deus
a mão por baixo". Desta vez, felizmente, aconteceu, a criança
parece fora de perigo.
Dada a regularidade destes episódios, algumas notas, de
novo.
De acordo com a Associação para a Promoção da Segurança Infantil,
dados de 2013, em dez anos, mais de 100 crianças morreram e 40 mil foram
hospitalizadas devido a quedas, grande parte das quais em edifícios (varandas
ou janelas) e quedas de escadas.
Também as piscinas continuam anualmente a ser palco de
acidentes com enorme gravidade ou fatais.
Continuamos a ser um dos países europeus em que acontecem
maior número de acidentes domésticos com crianças. Nas mais das vezes
verifica-se alguma negligência ou excesso de confiança da nossa parte, adultos,
na vigilância dos miúdos a que se junta a inexperiência e o à vontade próprios
dos mais pequenos.
A dor e a culpa que alguém pode carregar depois de episódios
desta natureza serão, creio, suficientemente fortes para que deixemos de lado o
aspecto da culpabilização que aqui nada acrescenta.
O que me parece importante sublinhar é que num tempo em que
os discursos e as práticas sobre a protecção da criança estão sempre presentes,
também se verifica um número altíssimo de acidentes, por vezes mortais, o que
parece paradoxal. Por um lado, protegemos as crianças de forma e em
circunstâncias que, do meu ponto de vista, me parecem excessivas e, por outro
lado, em muitas situações adoptamos atitudes e comportamentos altamente negligentes
e facilitadoras de acidentes que, frequentemente, têm consequências trágicas.
E não adianta pensar que só acontece aos outros.
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