"Avós já não substituem infantários mas têm papel fundamental na vida dos netos"
De acordo com o calendário das consciências passa hoje o Dia
Mundial dos Avós.
A avozice é um mundo mágico no qual entrei há pouco tempo e
ainda não consegui acomodar os sentimentos e a magia de acompanhar de perto, tão
de perto quanto possível, o crescimento de um gaiato que tem uma geração pelo
meio. Tem sido um divertimento, uma descoberta permanente e a percepção de um
outro sentido para uma vida que já vai comprida e também, desculpem a
confissão, cumprida.
Neste entendimento e como tem acontecido aqui no Atenta
Inquietude em cada 26 de Julho, retomo a minha proposta no sentido de ser
legislado o direito aos avós. Isto quer dizer, simplesmente, que todos os miúdos
deveriam, obrigatoriamente, ter avós e que todos os velhos deveriam ter netos.
Num tempo em que milhares de miúdos passam muito tempo sós,
mesmo quando, por estranho que pareça, têm pessoas à beira, e muitos velhos vão
morrendo devagar de sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós, isolados,
qualquer partido verdadeiramente interessado nas pessoas, sentir-se ia obrigado
a inscrever tal medida no seu programa ou, porque não, inscrevê-la nos direitos
fundamentais.
Com tantas crianças abandonadas dentro de casa,
institucionalizadas, mergulhadas na escola tempos infindos ou escondidas em
ecrãs, ao mesmo tempo que os velhos estão emprateleirados em lares ou também
abandonados em casa, isolados de tal forma que morrem sem que ninguém se dê
conta, trata-se apenas de os juntar, seria um dois em um. Creio que os
benefícios para miúdos e velhos seriam extraordinários.
Um avô ou uma avó, de preferência os dois, são bens de
primeira necessidade para qualquer miúdo.
A propósito, uma pequenina história com avô e neto que já
aqui tinha poisado.
“Um dia destes, nas minhas deambulações desportivas, reparo
que na direcção em que me deslocava, estavam duas figuras de aparente baixa
estatura que, quase deitados no chão, espreitavam para o meio das pedras que
ladeavam a vereda.
Quando passei por eles, a minha baixa velocidade de corrida
permitiu-me captar algumas frases.
João, ela escondeu-se neste buraco, vamos ver se a
topamos.
Pois foi Avô, a lagartixa fugiu para aí. És capaz de a
apanhar?
Vou ver se consigo, mas é só para a vermos e depois fica
aqui em casa, nas pedras.
Pois é, é só para a gente ver e depois fica
aí. Tinha umas cores mesmo fixes.
E lá ficaram a tentar apanhar a lagartixa que devia estar em
pânico.
É curioso. Os velhos quando brincam com os miúdos e os
miúdos quando brincam com os velhos, os avós, ficam parecidos. E felizes.”
1 comentário:
Muito bonito e muito certo!
abraço
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