Era uma vez uma menina, chamava-se
Receosa. Tinha seis anos. Parecia uma menina como as outras crianças, e era, e
tinha uns pais que se pareciam com os outros pais, e eram. Explicando melhor, a
menina crescia com os medos e receios com que os miúdos crescem, uns maiores,
outros mais pequenos e os pais ajudavam a menina a crescer como os medos e
receios com que os pais ajudam os filhos a crescer, uns maiores e outros mais
pequenos.
Mas houve uma altura em que os
pais começaram a ter medos maiores do que era habitual e ficaram muito assustados.
Por isso, a Receosa, quando viu os pais muito assustados e ouviu os seus medos
passou a ter ainda mais medos e receios do que habitualmente tinha o que, como
é natural, serviu para aumentar os receios dos pais.
Um dia, os pais da Receosa foram
à escola e encontraram o Professor Velho, o que está na biblioteca e fala como
livros, e conversaram sobre os receios da Receosa.
O Velho falando baixinho como é
seu hábito disse, “Quando encontramos
os medos que estão na cabeça dos miúdos ou achamos que alguns medos os devem
tornar cuidadosos, é preciso que os ajudemos a lidar com esses medos, ou seja,
o que pensar, o que dizer, a quem dizer, o que fazer, o que quer dizer, etc.
para eles perceberem o medo, mas não se assustarem com o medo. Se não, pode
acontecer que fiquem sós com o medo e não sabem o que lhe fazer. Aí é que se atrapalham. Os crescidos quando falam
dos medos não devem parecer assustados e com muito medo. Os pequenos, que
esperam protecção e segurança dos mais velhos, vão sentir-se mais
desprotegidos.
No fim de tudo, é também muito
importante que a Receosa aprenda a olhar para o que é bonito e não faz medo,
que é quase tudo, ficará mais forte”.
“Velho, isso quer dizer que
podemos ajudar a Receosa a ficar com menos medo”, perguntaram os Pais.
“Claro, mas primeiro fiquem
vocês como menos medos e receios, mais tranquilos, ela vai sentir-se melhor”, disse
o Professor Velho.
Sem comentários:
Enviar um comentário