terça-feira, 15 de julho de 2014

A ESCOLA NÃO PODE CONTINUAR A ENGORDAR

"Adolescentes portugueses são incapazes de gerir finanças pessoais"

Segundo um estudo da Universidade Portucalense, os alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário “não são capazes de gerir as suas finanças, não possuem hábitos de poupança, nem estão familiarizados com a linguagem financeira” não tendo uma formação financeira adequada às necessidades da vida quotidiana.
A autora do estudo entende a formação nestas matérias deve ser dada para "de forma a adquirirem uma relação saudável com o dinheiro, competências para poupar e planear as suas despesas, tomar decisões e fazer escolhas financeiras, sem grandes oscilações económicas ao longo das suas vidas”.
Para que tal aconteça, continua a autora, torna-se necessário investir neste tipo de educação não só nos currículos escolares, mas também nas rotinas familiares.
Concordando com a importância da acção das famílias, por exemplo através da velha mesada (quando isso é possível) ou de outras acções no contexto familiar uma nota sobre a inscrição da literacia financeira nos currículos escolares para que "o papel da escola passe por disponibilizar conceitos, como custos, poupança, características de um bom empreendedor”. Esta ideia vem também ao encontro da ideia visionária de Pires de Lima, Ministro da Economia, que há meses defendia a introdução  de disciplina de Empreendedorismo. Algumas notas.
Uma das questões que no universo a educação estarão sempre em aberto é a que envolve os conteúdos e organização curricular. De facto, a velocidade de produção e acesso ao conhecimento e ao desenvolvimento, as mudanças nos sistemas e no quadro de valores das comunidades determinam a regular reflexão e ajustamento sobre o que a escola deve ensinar, sobretudo durante a escolaridade obrigatória. Por outro lado, o tempo da escola e a competência da escola são finitos, isto é, a escola não tem tempo nem pode ou deve ensinar tudo. Lembram-se certamente das discussões sobre se matérias como educação sexual, educação cívica ou educação para a saúde, para citar apenas alguns exemplos, deverão, ou não, constituir-se como "disciplinas" e integrar os currículos escolares.
Vejo sempre com algumas reservas estas propostas de introdução de mais uma disciplina, mais um manual, como se a escola, o currículo escolar, pudesse continuar a engordar indefinidamente.
Como é evidente, existirão conteúdos ou competências dentro do universo do que possa ser o "Empreendedorismo" ou "literacia financeira" que poderão integrar o trabalho escolar. Estou a lembrar-me da educação matemática, evidentemente, mas também da promoção da autonomia, reflexão, criatividade, regulação, análise, etc., etc. que são inerentes à própria formação escolar e pessoal e não necessariamente confináveis a uma só disciplina.
Na verdade, nem tudo o pode ser interessante saber terá de caber numa disciplina da escola e nem tudo o que se pode saber se aprende na escola.

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