"Adolescentes portugueses são incapazes de gerir finanças pessoais"
Segundo um estudo da Universidade
Portucalense, os alunos do 3.º ciclo e do ensino secundário “não são capazes de
gerir as suas finanças, não possuem hábitos de poupança, nem estão
familiarizados com a linguagem financeira” não tendo uma formação financeira
adequada às necessidades da vida quotidiana.
A autora do estudo entende a
formação nestas matérias deve ser dada para "de forma a adquirirem uma
relação saudável com o dinheiro, competências para poupar e planear as suas
despesas, tomar decisões e fazer escolhas financeiras, sem grandes oscilações
económicas ao longo das suas vidas”.
Para que tal aconteça, continua a
autora, torna-se necessário investir neste tipo de educação não só nos
currículos escolares, mas também nas rotinas familiares.
Concordando com a importância da
acção das famílias, por exemplo através da velha mesada (quando isso é possível)
ou de outras acções no contexto familiar uma nota sobre a inscrição da
literacia financeira nos currículos escolares para que "o papel da escola
passe por disponibilizar conceitos, como custos, poupança, características de
um bom empreendedor”. Esta ideia vem também ao encontro da ideia visionária de
Pires de Lima, Ministro da Economia, que há meses defendia a introdução de disciplina de Empreendedorismo. Algumas
notas.
Uma das questões que no universo
a educação estarão sempre em aberto é a que envolve os conteúdos e organização
curricular. De facto, a velocidade de produção e acesso ao conhecimento e ao
desenvolvimento, as mudanças nos sistemas e no quadro de valores das comunidades
determinam a regular reflexão e ajustamento sobre o que a escola deve ensinar,
sobretudo durante a escolaridade obrigatória. Por outro lado, o tempo da escola
e a competência da escola são finitos, isto é, a escola não tem tempo nem pode
ou deve ensinar tudo. Lembram-se certamente das discussões sobre se matérias
como educação sexual, educação cívica ou educação para a saúde, para citar
apenas alguns exemplos, deverão, ou não, constituir-se como
"disciplinas" e integrar os currículos escolares.
Vejo sempre com algumas reservas
estas propostas de introdução de mais uma disciplina, mais um manual, como se a
escola, o currículo escolar, pudesse continuar a engordar indefinidamente.
Como é evidente, existirão
conteúdos ou competências dentro do universo do que possa ser o
"Empreendedorismo" ou "literacia financeira" que poderão
integrar o trabalho escolar. Estou a lembrar-me da educação matemática,
evidentemente, mas também da promoção da autonomia, reflexão, criatividade,
regulação, análise, etc., etc. que são inerentes à própria formação escolar e
pessoal e não necessariamente confináveis a uma só disciplina.
Na verdade, nem tudo o pode ser
interessante saber terá de caber numa disciplina da escola e nem tudo o que se
pode saber se aprende na escola.
Sem comentários:
Enviar um comentário