quarta-feira, 16 de julho de 2014

O PROGRAMA DE AJUSTAMENTO NO ENSINO SUPERIOR

"Desde 2008 que não havia tão poucas vagas disponíveis no ensino superior"

Já aqui afirmei muitas vezes a necessidade imperiosa de regulação na oferta do ensino superior, um universo fortemente enviesado com uma oferta sobredimensionada e com distorções fortíssimas ao nível da qualidade, da assimetria da rede e das implicações na empregabilidade.
Um Relatório, também da A3ES e reportando dados de 2011, mostrava uma taxa de 69.79% de preenchimento de vagas e da análise a 71 áreas de estudo conclui-se que em 80% existe excesso de oferta. O Relatório, encomendado pelo Conselho de Reitores, aponta a óbvia necessidade de racionalização da rede. De há muito que defendo este entendimento. Na verdade, o ensino superior em Portugal tem como questão estrutural o sobredimensionamento da rede de ensino superior em Portugal.
O problema é que o ensino superior em Portugal é, como muitíssimas outras áreas, vítima de equívocos e de decisões políticas nem sempre claras. Uma das grandes dificuldades que enfrenta prende-se com a demissão durante muito tempo de uma função reguladora da tutela que, sem ferir a autonomia universitária, deveria ter impedido o completo enviesamento da oferta, pública e privada, que se verifica. Esta demissão é, aliás, afirmada no relatório da A3ES.
Um país com a nossa dimensão não suporta tantos estabelecimentos de ensino superior, sobretudo, se atentarmos na qualidade. As regiões e autarquias reclamam ensino superior com a maior das ligeirezas. Durante anos, a pressão vinda da procura e a incapacidade de resposta do subsistema de ensino superior público, associada à demissão da tutela da sua função reguladora, promoveu o crescimento exponencial do ensino superior com situações que, frequentemente, parecem incompreensíveis à luz de um mínimo de racionalidade e qualidade.
Nesta matéria, a qualidade e o redimensionamento da rede, o processo de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior é um contributo, ainda que não isento de questões, e desde que não desenvolvido de uma forma cega e resistente à pressão, às pressões. Existem cursos que apesar de alguma menor empregabilidade se inscrevem em áreas científicas de que não podemos prescindir com o fundamento exclusivo no mercado de emprego. Podemos dar como exemplo formações na área da filosofia ou nichos de investigação que são imprescindíveis num tecido universitário moderno. Será também importante que o processo permita desenvolver e incentive modelos de cooperação, universitário e politécnico, público e privado, que potencie sinergias, investimentos e massa crítica.
O enviesamento da oferta de que acima falava, alimenta a formação em áreas menos necessárias e não promove a formação em áreas carenciadas. Tal facto, conjugado com o baixo nível de desenvolvimento do país e com uma opinião publicada pouco cuidadosa na informação, leva a que se tenha instalado o equívoco dos licenciados a mais e destinados ao desemprego, quando continuamos a ser um dos países da UE com menos indivíduos com formação superior, já o disse aqui muitas vezes. 

2 comentários:

Anónimo disse...

Vejamos contudo o testemunho, na primeira pessoa, da esterilidade do solo em que se semeou uma parte significativa do ensino superior público.

http://www.omirante.pt/index.asp?idEdicao=54&id=73715&idSeccao=544&Action=noticia#.U6GnUChXhfU

Desde logo, pelo que um Sr. Professor desta mesma Escola não refere…

Vejamos pois, o que não refere.
Não refere preparar as aulas, nem atender os alunos.

Mais, não refere ter publicações de natureza científica. Com uma já longa carreira no ensino superior, não refere a publicação de nem 1 artigo científico…

Também, não refere a sua participação em congressos científicos, nem em conferências da mesma natureza.

Igualmente, não refere a orientação de teses, a participação em júris conferentes de grau académico, nem ser titular do grau académico de doutor.

Por outro lado, é significante que refira que fez o mestrado há 22 anos porque tinha um horário lectivo de meia dúzia de horas por semana, e assim progrediu na carreira…

Cerca de duas décadas volvidas, a descrição que faz da actividade docente é assaz cruel, horário lectivo por volta das 14 horas semanais, reuniões, elaboração e correção de testes e a investigação.

Mas, não referindo ter publicado uma linha científica, ter participado numa conferência científica ou num congresso, o que investiga então este Sr. Professor? E, qual a relevância dessa sua investigação para o conhecimento científico, onde são absolutamente irrelevantes investigações desconhecidas…

Entre o que refere, e o que não refere, estará a explicação porque trabalhava mais na actividade privada…

Ainda que, eventualmente, então auferisse um salário mais elevado na actividade privada, por 10 horas de trabalho diário, por demostrar está que ganhasse mais na actividade privada.

Será que a actividade privada remunerava um licenciado pela docência no ensino superior, a meio tempo, de forma tão generosa como certamente o ensino superior público o remunerou.

Aliás, é notável - com o currículo académico que refere - que tenha uma carreira no ensino superior público, onde aufere remuneração equivalente à de professor universitário, sem sequer ter obtido o Doutoramento, grau académico habilitante do ingresso na carreira docente universitária.

Acresce, perfilhar que o ensino superior (politécnico) não carece de professores doutorados, ou seja, dos mais habilitados academicamente. Ao que diz, ser uma “prevalência” do tempo de “António Guterres como primeiro-ministro”. À qual, defendendo a bondade das contratações de não doutorados, enquanto esteve no Conselho Directivo desta Escola, não terá dado grande acolhimento. Tal o desconchavo, que confessa a reserva da disciplina de fiscalidade para inspetores de finanças…

O que não deixando de ser extraordinário, segue a orientação do Governo, em funções, que já na recta final do seu mandato, continua a tratar o ensino superior público, como se o mesmo qualitativamente fosse todo igual…

Embora, na campanha eleitoral o Sr. Dr. Passos Coelho tenha prometido cortar nas gorduras do Estado, alcançada a chefia do executivo prontamente esqueceu a tão necessária reforma do Estado, avançando para cortes indiscriminados, sem cuidar se corta músculo, osso, ou mesmo órgão vital.

Assim, não racionalizando a rede de estabelecimentos de ensino superior público, cortou as verbas às universidades públicas de referência, como a Universidade de Lisboa, a do Porto ou de Coimbra.

Mas, como compreender que a opção deste Governo tenha sido a de asfixiar as universidades públicas de referência, e de não racionalização da rede de estabelecimentos de ensino superior público…

Nesta matéria, quem viu claro foi o Sr. Reitor da Universidade de Lisboa

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=675024

Anónimo disse...

As trapalhadas do costume …

Vejam,

http://si.esgt.ipsantarem.pt/esgt_si/web_base.gera_pagina?P_pagina=1349899

https://www.facebook.com/pages/Licenciatura-em-Neg%C3%B3cios-Internacionais/1497968627104166

http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=661&id=102027&idSeccao=11674&Action=noticia