"Um quarto da riqueza de Portugal está nas mãos de 1% da população"
Apesar dos discursos com que nos querem convencer de que as
assimetrias no rendimento de ricos e pobres e na distribuição da riqueza se vão esbatendo,
às vezes torturando alguns números para que a realidade pareça diferente, um
estudo do Banco Central Europeu vem afirmar que em Portugal o
peso da fortuna dos mais ricos é superior ao que se acreditava, um quarto da
riqueza pertence a 1% da população.
Considerando os nove países da zona euro analisados, Portugal
é o terceiro país com uma maior concentração da riqueza, atrás da Áustria e da
Alemanha.
Sabemos ainda que a esta concentração também corresponde uma das
maiores assimetrias da Europa entre o rendimento da minoria mais favorecida e os mais pobres.
Por outro lado, como também tem sido referenciado, um dos muitos efeitos
perversos da crise tem sido o acentuar generalizado desta assimetria, cá e
noutras paragens.
Como algumas vezes oiço alguém referir, falamos de pobreza,
quando o nosso problema é com a riqueza, está mal distribuída e todos queremos
ser ricos, muito ricos. É neste quadro que se acentua e promove a desregulação
que leva ao enorme fosso entre os mais ricos e os mais pobres.
Nós precisamos de combater a assimetria da distribuição da
riqueza e produzir mais riqueza, precisamos de combater mordomias e desperdício
de recursos e meios ineficientes e muitas vezes injustificados que alimentam
clientelas e interesses outros. Nós precisamos de combater a teia de protecção
legal e política aos interesses dos mercados e dos seus empregados que
conflituam com os interesses das pessoas.
O que precisamos é de coragem e visão sem subserviência ao
ditado dos mercados e dos seus agentes para definir modelos económicos, sociais
e políticos destinados a pessoas e não a mercados ou a grupos minoritários de
interesses.
Como vamos conseguir?
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