Era uma vez uma menina chamada Só, tinha sete anos e andava
numa escola. A Só quase nunca brincava com ninguém e ninguém quase nunca
brincava com a Só.
Na sala tinha uma mesa onde não estava nenhum colega e de
onde a Só, à espera de vontade de fazer os trabalhos, via a janela, a única
coisa que parecia chamar a sua atenção.
No recreio, a Só procurava sempre um cantinho, uma espécie
de cantinho encantado e por ali ficava a brincar com as suas ideias.
Num destes dias, o Professor Velho, o que está na biblioteca
e fala com os livros, ao passar no recreio viu a Só lá no seu cantinho encantado
e sentou-se ao pé dela.
- Em que pensas Só?
Em histórias.
- Também penso muito em histórias e já tenho um monte
delas guardadas lá na biblioteca.
- Velho, tu sabes inventá-las e contá-las?
- Claro, queres ouvir alguma?
- Velho, como sou Só
nunca tenho uma história em que eu entre. Inventas uma onde possa entrar uma
pessoa Só?
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