"Na declaração de Díli, Portugal força referência à abolição da pena de morte na Guiné Equatorial
Está fechada uma página negra da
diplomacia portuguesa. A partir de hoje a Guiné Equatorial é membro da Comunidade dos
Países de Língua Portuguesa.
Conclui-se um processo
escandaloso. O Dr. Rui Machete, Ministro português(?) dos Negócios Estrangeiros
afirmava em 2 de Março que não "existiam razões para duvidar" da
palavra da Guiné Equatorial. A realidade bem conhecida e documentada desmente,
obviamente, a afirmação do do Dr. Machete, vendido aos "negócios
estrangeiros" no sentido literal do termo.
Como é evidente, a não ser
que seja por "honoris causa" de que se não vislumbra a razão, não se
percebe muito bem como um país que tem como língua oficial o castelhano, foi
uma antiga colónia de Espanha, vai administrativamente mudar a sua língua
oficial e passar a falar português para integrar a CPLP.
É ainda reconhecido o regime
ditatorial, cleptocrata e corrupto que a governa, com a família governante
perseguida pela justiça internacional, a miséria brutal em que vive a
esmagadora maioria do seu povo, desrespeito absoluto por direitos humanos
incluindo a pena de morte em vigor, etc..
Esta adesão, um "final
feliz" como lhe chamou uma figura ímpar da diplomacia portuguesa, o
Secretário de Estado Campos Ferreira, constitui um favor ao regime que lhe
permite branquear a sua imagem e minimizar o crescente isolamento na
comunidade internacional.
É certo que a CPLP corre também o
risco de se transformar em Comunidade dos Países de Língua Acordesa, mas a
entrada de um país de língua castelhana ou, uma nova variante transitória, o
"conhecido portunhol" é algo de estranho, no mínimo.
Não terá qualquer relação com
este processo, evidentemente, o facto da Guiné Equatorial ser o terceiro maior
produtor de petróleo da África subsariana.
Talvez Rui Machete quando referia
que não tinha razões para duvidar do regime da Guiné Equatorial tivesse em
mente as promessas de injectar dinheiro no Banif ou noutros "negócios
estrangeiros" que comprem esta adesão e a tentativa de branqueamento
internacional.
Uma "semvergonhice"
decorrente da "realpolitik".
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