"Necessário programa de apoio para famílias que cuidam dos seus idosos em casa"
O Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida propõe a criação
de um “programa de apoio” às famílias que cuidam ou desejam cuidar dos seus
idosos em casa de forma a minimizar até onde possível o afastamento dos seus
próximos, das suas rotinas e a institucionalização.
Esta iniciativa, que se torna urgente e extensível a outros
grupos, como os adultos com deficiência, corre o risco de ser contrariada pelos
interesses fortíssimos das instituições que operam nesta área de “negócio”. Os apoios do Estado, directos ou indirectos, privilegiam as respostas institucionais e não os apoios às famílias para o cuidar dos que têm necessidades especiais.
Argumenta-se com frequência que existe o risco de
aproveitamento das famílias. Entendo o argumento, mas também sabemos da falta
de qualidade e abusos verificados em muitas instituições, para além da
proliferação de respostas clandestinas. Exige-se, por isso, regulação e acompanhamento
de modo a prevenir abusos ou falta de qualidade.
O número de idosos a viver sós tem aumentado
exponencialmente. Segundo os dados dos Censos de 2011, cerca de 1,2 milhões de
idosos vivem sozinhos ou na companhia de outros idosos, sendo que o
grupo populacional com 65 ou mais anos de idade já ultrapassou os dois milhões,
representando cerca de 19% da população total, pelo que o número de pessoas
idosas a viver só, deverá continuar a aumentar.
Neste universo é ainda de recordar a frequência com que
surgem notícias de velhos que morrem sós sem que ninguém se dê conta de tal
tragédia.
Apesar do que consta nas certidões de óbito, estou
convencido que a verdadeira causa da morte de muitos velhos é
o sozinhismo, a doença que ataca os que vivem sós, isolados, que perderam
o amparo.
Trata-se de uma doença moderna, cujas causas são conhecidas,
cujo terapia também está encontrada, mas que parece difícil combater.
Quem não vive só, isolado, mais facilmente resiste às
mazelas de diferente natureza que a idade traz quase sempre. As pessoas são,
espera-se, fonte de saúde e calor.
Neste contexto, a manutenção dos idosos ou de outros
cidadãos com necessidades especiais com as suas famílias, até ser possível,
minimizaria a institucionalização ou o isolamento que abrevia o destino.
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