sexta-feira, 4 de julho de 2014

AS MULHERES SÃO MAIS ECONÓMICAS

"Mulheres recebem menos 18% de salário média mensal de base do que os homens"

Segundo o Relatório Sobre Diferenciações Salariais por Ramos de Actividade, com dados de 2011, as mulheres recebiam, em média,  menos 18% de remuneração média mensal de base, que os homens. Esta diferença varia com os níveis de qualificação, habilitações literárias  e com a natureza da actividade económica.
O trabalho vem confirmar dados conhecidos. O Relatório Igualdade de Género em Portugal 2011 da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género, “a remuneração média mensal de base recebida pelas mulheres em 2010 foi de 801,81 euros e a dos homens 977,56”, ou seja uma diferença média de 175,75 € que em grupos específicos pode ser bastante mais elevada.
Um Relatório da Comissão Europeia, Análise Trimestral do Emprego e da Situação Social na União Europeia, divulgado em Janeiro, referia que a disparidade salarial entre homens e mulheres. considerando o período de 2008 a 2010 baixou, o que aparentemente é um passo no caminho da não discriminação de género. No entanto, este abaixamento não resulta de melhorias nas condições do mercado de trabalho, mas, pelo contrário, na degradação das condições e na qualidade do trabalho em sectores com mão-de-obra predominantemente masculina, ou seja, é uma situação conjuntural e não estrutural como refere, aliás, a Comissão.
Em Portugal contrariamente a esta tendência parece que a disparidade nos salários por género têm aumentado. Na verdade penso que existe um longo caminho a percorrer em matéria de discriminação de género que, creio, a actual situação económica tenderá a agravar.
Parece-me também significativo que de acordo com o Relatório Society at a Glance 2011, da OCDE, Portugal é o quarto país dos 29 considerados com maior diferença entre homens e mulheres, no que se refere a trabalho não pago, sobretudo a tão portuguesa “lida da casa”, cozinhar, limpar, cuidar dos filhos, etc. Entre nós a diferença é de quase quatro horas.
No mesmo sentido, um trabalho também realizado pela CGTP com dados do INE e do Ministério do Trabalho, informava que as mulheres portuguesas trabalham em média 39 horas semanais e realizam mais 16 horas de trabalho não remunerado relacionado com a família e um trabalho internacional revelava que as mulheres portuguesas são das que mais tempo trabalham fora de casa. Existem ainda indicadores sustentando que as mulheres portuguesas são, de entre as europeias, as que mais valorizam a carreira profissional e a família, a maternidade.
Para além dos baixos salários e da discriminação salarial de que muitas mulheres, sobretudo em áreas de menor qualificação, são ainda alvo, também a regulação da legislação laboral e a sua “flexibilização”as deixam mais desprotegidas.
Importa, evidentemente, combater a discriminação salarial e de condições de trabalho através de qualificação e fiscalização adequadas.

Na verdade, a metade do céu, que as mulheres representam, carrega um fardo pesado.

1 comentário:

Zé Morgado disse...

É "apenas" mais um exemplo da situação que descrevi. Inquietantes, são também alguns dos comentários ao texto da Susana Valente.