quinta-feira, 26 de setembro de 2013

OS PROBLEMAS ESPECIAIS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

O Movimento para a Manutenção das Reformas dos Deficientes solicitou ao Presidente da República, Governo e aos grupos parlamentares que os cidadãos com deficiência possam ficar isentos dos cortes de 10% previstos para as reformas acima de 600€, tal como irá acontecer com os deficientes das Forças Armadas.
Algumas notas sobre esta matéria que não são informadas por qualquer discurso de natureza paternalista ou assistencialista, mas colocadas num plano de direitos humanos, de discriminação positiva de pessoas em situação particularmente vulnerável e na não aceitação do princípio de que equidade significa igualdade.
Talvez os burocratas que nos governam ou mandam em quem governa não saibam, por exemplo, que o desemprego no grupo social das pessoas com deficiência terá aumentado cerca de 70 % face a 2011, e estima-se que actualmente ronde os 75 %, uma taxa catastrófica.
Sabemos que os recursos são finitos e os tempos de contenção, mas pode-se afirmar que para as pessoas com deficiência os tempos sempre foram de recursos finitos e de contenção, ou seja, as dificuldades são recorrentes e persistentes.
Um estudo realizado, creio que em 2010, pelo Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, apontava para que uma pessoa com deficiência tenha um gasto anual entre 6 000 e 27 000 € decorrentes especificamente da sua condição e considerando diferentes quadros de deficiência. Este cálculo ficou incompleto porque os investigadores não conseguiram elementos sobre os gastos no âmbito do Ministério da Saúde.
O estudo, para além das dificuldades mais objectiváveis, referenciou ainda os enormes custos sociais, não quantificáveis facilmente, envolvidos na vida destes cidadãos e que têm impacto no contexto familiar, profissional, relacional, lazer, etc.
Creio também que é justamente no tempo em que as dificuldades mais ameaçam a generalidades das pessoas que se avoluma a vulnerabilidade das minorias e, portanto, se acentua a necessidade de apoio e de políticas sociais mais sólidas, mais eficazes e, naturalmente, mais reguladas.
Os números sobre o desemprego nas pessoas com deficiência são dramaticamente elucidativos desta maior vulnerabilidade. A vida de muitas pessoas com deficiência é uma constante e infindável prova de obstáculos, muitas vezes intransponíveis, em variadíssimas áreas como mobilidade, educação e emprego em que a vulnerabilidade e o risco de exclusão são enormes. Assim sendo, exige-se a quem decide uma ponderação criteriosa de prioridades que proteja os cidadãos dos riscos de exclusão, em particular os que se encontram em situações mais vulneráveis.
É verdade, todos o sabemos, que existe uma minoria em Portugal, e não só, que atravessa os tempos de chumbo que vivemos, apenas com ligeiros sobressaltos e sem especial inquietação.
No entanto, existem outras minorias que são, de forma múltipla e acumulada, vítimas destes tempos carregando um fardo demasiado pesado.
As pessoas com deficiência e as suas famílias fazem parte desses grupos.

3 comentários:

José Janeiro disse...

Amigo Zé Morgado: Tomei a liberdade de copiar o teu texto para aqui: http://cidade-inclusiva.blogspot.pt/. Agradecemos.

Zé Morgado disse...

Tudo bem Janeiro, um abraço

não sei quem sou... disse...

A justiça só é conseguida com rigorosos critérios de igualdade.

Um bem-haja ao Senhor Professor por neste caso concreto abordar uma injustiça iminente.

Também tomei a liberdade de transcrever seu texto e enviar via email para todos meus contactos.

Se esta minha atitude carecer de pedido de desculpa, recebe-as da minha parte carregadas de humildade.


VIVA!