segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O INÍCIO DO ANO ESCOLAR, A NORMALIDADE DA ANORMALIDADE

Estas notas constituem um exemplo do que não gostava de escrever mas que não posso deixar de o fazer.
Como era esperado face ao que tem acontecido nos últimos meses, o início do ano escolar teria um conjunto de dificuldades lamentavelmente recorrentes mas, estranhamente, sempre arranca "com toda a normalidade", dizem os sucessivos ocupantes da 5 de Outubro.
O Primeiro-ministro, o Ministro e a sua equipa, assisti  a uma exibição deprimente do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar, Casanova de Almeida, na RTP1,  bem podem desdobrar-se em aparições e declarações sublinhando a “normalidade” do arranque do ano lectivo que as diferentes notícias não autorizam.
Na verdade, o Ministro vai revelando uma inesperada dificuldade em acertar com a realidade, são múltiplos os exemplos de escolas em que, ou faltam professores, ou faltam funcionários,  obras em curso ou paradas que dificultam o trabalho, escolas que foram encerradas a dias do início do ano escolar, alunos que foram colocados em escolas que não escolheram nem são as da sua área de residência, turmas sobrelotadas e constituídas e reformuladas desrespeitando normas e regras de qualidade, regras de contratação de docentes geridas com alguma "flexibilidade" atropelando critérios, etc.
Creio que seria desejável que alguém conseguisse explicar ao Professor Nuno Crato e aos seus colaboradores que "normalidade" talvez não seja a melhor forma de caracterizar o clima e as circunstâncias em que se está a iniciar o ano escolar.
Como sempre digo, a realidade não é exactamente a projecção dos nossos desejos. Pode negar-se, torturá-la, fingir que a entendemos, mas ela não muda.
Lamentavelmente trata-se da normalidade da anormalidade.

2 comentários:

Discovery yourself disse...

Relato de uma criança sobre o seu 1º Dia de Escola

8:15 da Manhã hora de todos os alunos entrarem.

Eram 8:20 os alunos amontoavam-se para entrarem na escola, eu imaginei-me no jardim Zoológico com macacos enjaulados, até que a funcionária da porta da escola decidiu tomar uma decisão- já sei. Agora todos os alunos devem entrar em fila ordenada como (conta-gotas) . Depois de se passar o portão principal, deparei-me com outro contra-tempo a porta de acesso aos blocos era tão pequena que poucos a conseguiam passar. A suar cheguei á sala de aula, onde assisti á apresentação dos professores. Foi tranquila e os professores pareciam calmos, os meus colegas novos parecem ter o dobro da minha idade, e senti um olhar de tristeza, onde observei que não tinham qualquer interesse em estar ali. As malas notavam-se que tinham alguns anos em cima onde a tristeza de repetir o ano os afeta sem que possam ter as ajudas necessárias para continuarem a acreditar . De seguida após a aula tinha que ir carregar o meu cartão, que me permitia tirar a senha para o almoço . Na papelaria as filas eram enormes onde perdi os meus três intervalos seguidos e sem sucesso. Pensei nos meus colegas, que não têm famílias em casa ou com hipóteses de lhes dar
o almoço. Quando as aulas acabaram assisti a outro problema , onde as camionetes não tinham espaço para tantas crianças . E foi assim o meu primeiro dia de escola, espero que melhore porque assim como está vai acabar com a nossa motivação ...

Zé Morgado disse...

Uma criança demasiado exigente a que escreveu este texto. Tal como com os exames, muitos, cada vez mais, as dificuldades é que fazem as crianças crescer e desenvolverem capacidades de sobrevivência e adaptação. A Política Educativa está a produziu uma espécie de darwinismo social, sobrevivem os mais aptos e mais fortes.
Os fracos ... vão para o campo e para a fábrica ...se, e quando houver campo e fábrica.