O DN apresenta hoje um divulgou um trabalho muito
interessante e estimulante sobre o mundo dos carteiristas, uma fauna que faz
parte de Lisboa e dos pesadelos de alguns turistas e nacionais que lhes passam
à beira e lhes aguçam o engenho. O trabalho centra-se sobretudo na “arte” de num
grupo de artistas já bem idosos que continua no activo e em boa forma, num
excelente exemplo do desejável envelhecimento activo
É um mundo com o qual estabelecemos uma relação
ambígua, achamos curiosa e "profissional" a sua actividade e ficamos
possessos e a exigir uma pena pesadíssima quando nos toca a nós.
No entanto, o trabalho do DN está, por assim
dizer, amputado, não aborda os carteiristas fiscais que praticam um carteirismo
fiscal, bem menos selectivo que os carteiristas de Lisboa, bastante mais
rentável e com a enorme vantagem de ser uma actividade legal.
Como algumas vozes clamam e quase todos sentimos,
a todo o momento e circunstância, alguém, utilizando a terminologia da “arte”
está meter os dedinhos, os "baios" nas nossas carteiras, as
"chatas", num verdadeiro assalto legal.
A linguagem deste carteirismo fiscal também
diferente e bem menos interessante que a dos pilha galinhas, usa termos como,
sacrifícios, défice, ajustamento, austeridade, recuperação, recessão, impostos,
restrição orçamental, cortes, despesa, rigor, exigência, troika, etc., etc.
Uma outra diferença é de escala e recursos, o carteirismo
fiscal trabalha com modelos bem mais actuais e com recursos bastante mais
sofisticados que o artesanal carteirismo de bairro ou transportes públicos.
Tudo se transforma e como se sabe as actividades artesanais estão em
desaparecimento e a atrair menos pessoas, são pouco rentáveis. O carteirismo
fiscal ou de outra natureza mas a uma escala maior é na verdade muito mais
rentável permitindo ainda ganhos colaterais, sempre do lado certo da lei e,
frequentemente, do lado errado da ética e da moral.
Ficou por fazer uma abordagem a este outro lado
do carteirismo.
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