Uma das expressões que mais utilizamos e que acho particularmente curiosa é, “logo se vê”. O seu uso aparece a propósito das mais variadas circunstâncias. Vejamos alguns exemplos.
Pedem-nos uma opinião com a esperança de que a tenhamos e a possamos partilhar. Mas não, muitos de nós, depois de uma introdução circular, sem nada avançar, terminamos com um promissor, “de maneira que logo se vê”.
Quando discutimos projectos ou ideias e procuramos definir um calendário ou etapas desses projectos ou ideias, facilmente acabamos por nos refugiar num discreto e descomprometido “bom, mas logo se vê”.
É também interessante que muitos dos nossos políticos quando inquiridos sobre o futuro, em vez de nos passarem, seria desejável, as suas ideias sobre como construir o futuro, começam por um incontornável “não faço futurologia” e rapidamente evoluem para um mais prosaico, “em todo o caso, logo se vê como a situação evolui” que dito em politiquês será algo como, "trata-se de matéria complexa envolvendo múltiplas variáveis pelo que será necessário aguardar com alguma expectativa e a evolução das circunstâncias".
Também se pode constatar que em variadíssimos aspectos das nossas vidas confiamos mais num flexível “logo se vê” que em qualquer atitude mais prudente de cautela e planeamento. Veja-se, por exemplo, os níveis de endividamento que atingimos, queremos, compramos e depois, claro, “logo se vê”.
O problema sério é que, quase sempre, a seguir ao “logo se vê”, acrescentamos um esperançoso e crente “não há-de ser nada”.
As próxima eleições? Logo se vê. Não há-de ser nada.
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