Segundo dados hoje conhecidos, continua a verificar-se o
aumento do consumo de medicamentos psicotrópicos, assumindo especial
significado os antidepressivos, transformando Portugal num dos países com taxas
mais altas de consumo deste tipo de fármacos e que é consistente com uma taxa
de prevalência significativa de patologias neste universo da saúde mental. Cerca
de 15% da população portuguesa apresenta quadros patológicos de ansiedade e
depressivas graves a moderadas, dados de 2010, que são muito superiores ao que
se verifica noutros países, é duas vezes a que se verifica na Alemanha, por
exemplo.
Embora os especialistas expressem alguma reserva no estabelecimento
de relações de causa-efeito entre os quadros de saúde mental e as condições
sócio-económicas difíceis que atravessamos regista-se um aumento da procura nas
consultas de pessoas em situações fragilizadas no quadro de desemprego e dificuldades
económicas.
Sendo certo que não poderemos estabelecer de forma ligeira
uma relação causal entre a saúde mental e as condições de vida, é também claro
que não podem dissociar-se, numa linguagem simples, alguém que passa mal,
dificilmente se sentirá bem.
Em muitas famílias, as dificuldades podem ser tão
significativas, o desemprego do casal, por exemplo, que a desesperança
instalada se constitua como gatilho para situações de mal-estar e o recurso a
consultas, fármacos, consumo de álcool ou droga, ou ainda em caso limite à
tentação do suicídio, uma preocupação que originou um Plano de Prevenção a
operacionalizar, podem aparecer como uma via que se não deseja mas a que não se
resiste.
Na verdade, a resiliências das pessoas tem limites.
Por outro lado, apesar de querer ser optimista a
experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente
pobre no universo das políticas de saúde. Quando a pobreza das pessoas aumenta
e a pobreza dos meios e recursos também aumenta, o quadro é ainda mais grave.
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