Termina o hoje o prazo de apresentação de
candidaturas a bolsas individuais de doutoramento e pós-doutoramento
financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia.
Dado que como é habitual, a educação é um terreno
privilegiado para os cortes orçamentais e de acordo com a informação da FCT e da
análise do que tem acontecido nos últimos anos estima-se um abaixamento muito
significativo do número de bolsas a atribuir.
Mais uma vez chamo a atenção para os riscos desta
política de desinvestimento que é de natureza suicida, por assim dizer.
Recordo, de novo e como exemplo, que a
Conferência WISE –World Innovation Summit for Education de 2012, em Doha no
Qatar, definiu como eixo central o investimento em educação mesmo em tempos
recessivos, sublinhando a importância da qualificação, incentivos e apoios aos
professores e a relação dos percursos educativos com o mercado de trabalho.
Sendo certo que importa racionalizar custos e
optimizar recursos combatendo desperdício e ineficácia, o caminho que temos
vindo a percorrer é justamente o contrário, o desinvestimento na educação, do
básico ao superior com custos que o futuro se encarregará de evidenciar.
Está estudada e reconhecida de há muito a
associação fortíssima entre o investimento em educação e investigação e o
desenvolvimento das comunidades, seja por via directa, qualificação e produção
de conhecimento, seja por via indirecta, condições económicas, qualidade de
vida e condições de saúde, por exemplo.
Corremos o sério risco de ver ameaçados os
excelentes resultados que a investigação eas instituições de ensino superior
têm vindo a alcançar.
Como em quase tudo é uma questão de escolhas e
prioridades de quem lidera. O problema como referia o Professor Sobrinho Simões
num entrevista sobre estas questões é que "os nossos políticos têm um
problema ... alguns não se apercebem do valor do ensino superior e da
investigação".
O empobrecimento e o desinvestimento em educação
nunca poderão ser factores de desenvolvimento.
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