terça-feira, 2 de dezembro de 2008

CERTIFICAÇÃO IGUAL A QUALIFICAÇÃO - EMBUSTE OU EQUÍVOCO?

Estamos todos de acordo que um dos nossos principais problemas e, portanto, um dos principais desafios que como país enfrentamos, é o da qualificação dos nossos cidadãos. Já aqui me tenho referido a esta questão e à importância transcendente que ele assume em termos de futuro viável para Portugal. Recorrentemente são disponibilizados números pelas diferentes agências internacionais que sublinham esta questão.
Dito isto, parece obviamente importante que sejam desenvolvidos os dispositivos adequados à qualificação das pessoas. È neste contexto que aparece o inevitável Programa Novas Oportunidades, entre outros.
A intervenção produzida hoje pelo responsável por estes programas, o comissário Capucha que, depois de uma breve passagem, de má memória, pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular, é agora o presidente da Agência Nacional para a Qualificação veio hoje, provavelmente sem querer, colocar o problema nos verdadeiros termos em que o governo o tem situado, Os programas não são de qualificação, são de certificação, ou seja, o problema não é qualificar pessoas é certificar pessoas. Diz o comissário Capucha que estando a certificar 4 000 pessoas por mês, é curto, temos que aumentar a produção de certificados, temos que multiplicar por sete o “produto”, temos que certificar 29 900 para cumprir as metas do Governo. Lê-se e não se acredita. É possível estar a certificar 30 000 pessoas por mês, mas não estaremos, seguramente, a qualificá-las. O comissário Capucha tem o mérito de não nos tentar enganar. Trata-se, provavelmente, de um dos maiores equívocos e embustes instalados na nossa sociedade. Estou curioso sobre os resultados da avaliação externa ao programa Novas Oportunidades, entregue ao inevitável Roberto Carneiro. Uma aposta em como são positivos?

1 comentário:

JT disse...

1 milhão de certificações até 2010. Certificações de quê, para quê? Vários responsáveis pelas certificações contaram-me da angustia que sentiam ao serem "obrigados" pelas chefias a certificar sistematicamente sem olhar a critérios. Quem ganhará com isto? O governo? Até quando? Até os próprios titulares do certificado perceberem que é uma fraude e que não serviu para nada? O país vai mudar algo por um milhão de pessoas ter de repente um certificado nas mãos sem terem feito nada mais para obter-lo do que simplesmente inscrever-se?
Que ganhará o Sr. Luís Capucha? Será que não tem um pingo de vergonha? E o resto do país, anda a dormir?