Era uma vez um homem chamado Antigamente. O seu discurso sobre qualquer questão acabava invariavelmente por concluir que noutros tempos era diferente, sempre para melhor. Se olhava para os miúdos, rapidamente aparecia algo como “dantes é que os jovens se comportavam como deve ser”. Falava-se de escola ou de educação e ele considerava que no passado é que as coisas funcionavam bem. Assistia aos noticiários televisivos e os comentários sucediam-se, sempre expressando a recorrente ideia de que dantes tudo se passava de forma bem mais positiva. O Antigamente afirmava que já não existem políticos como os de outrora e a música do passado é que, de facto, era música, o que não acontece com essas coisas sem jeito que agora se ouvem. A sua grande preocupação estava virada sobretudo para ideias, comportamentos e costumes. Nesta matéria é que o Antigamente se convencia, e queria convencer os outros, de que no passado é que as pessoas agiam como devem, falavam de forma correcta, vestiam de forma decente e com bom gosto e, enfim, não se viam, como ele dizia, as desgraças que agora não paramos de ver. O Antigamente tinha a maior das dificuldades em entender muito do que hoje acontecia, como tantas coisas são permitidas e concluía que o mundo não iria por bom caminho se não voltasse aos velhos tempos.
Na última vez que me falaram do Antigamente, disseram-me que andava extremamente preocupado com esta questão, que naturalmente não havia dantes, do aquecimento global. O Antigamente tem medo que o aumento da temperatura o possa descongelar. Não será capaz de viver no presente.
Na última vez que me falaram do Antigamente, disseram-me que andava extremamente preocupado com esta questão, que naturalmente não havia dantes, do aquecimento global. O Antigamente tem medo que o aumento da temperatura o possa descongelar. Não será capaz de viver no presente.
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