quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A INSUSTENTÁVEL PROPOSIÇÃO E POSIÇÃO DA MINISTRA

Como cidadão sinto-me obrigado a estar atento à gestão política das coisas que directamente, ou indirectamente, me dizem respeito. Nesta conformidade e para além das opiniões que já expressei sobre a questão da avaliação dos professores, sobretudo, o meu entendimento, desde o início, de que, mais do que o problema da avaliação, está em causa o modelo de carreira definido no Estatuto da Carreira docente, a divisão entre titulares e os outros com base na actividade dos últimos sete anos, interessa-me agora reflectir sobre esta deriva simplificadora do ME face ao modelo de avaliação e a defesa intransigente, parece, da plataforma sindical da sua suspensão. Do meu ponto de vista, com as afirmações de hoje, a Ministra, que já estava numa situação fragilizada para quem precisa de liderar a política educativa, ficou numa posição insustentável. Entendo isto porque, ao proceder a sistemáticas simplificações, aceita implicitamente a substância das críticas face ao modelo e ao admitir a sua substituição no próximo ano, mais do que demonstrar abertura para o diálogo, aceita implicitamente considerar o desajustamento intrínseco do modelo. Nesta perspectiva, parece-me que a Ministra se coloca numa estranha posição de tentar que, com mais umas simplificaçõezinhas e, só por este ano, o modelo, o que resta dele, se aplique, o que se me afigura completamente despropositado e insustentável. Creio que só considerando discutir o estatuto e, depois a avaliação, a Ministra possa retomar o papel que de si se espera, ou seja, que com os diversos parceiros envolvidos e empenhados, mesmo com discordâncias, reboque o movimento de reforma e promoção da desejada qualidade no sistema educativo português. Assim, creio que o ambiente nas escolas dificilmente permitirá potenciar o esforço que diariamente professores, alunos e pais dedicam ao sucesso educativo dos mais interessados, os miúdos, todos os miúdos.

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