Quando o famoso filme “A terrorista do telemóvel” tinha saído de cena e entrado no circuito dos filmes de culto, a produção cinematográfica independente apresenta em estreia absoluta um filme sobre a mesma temática, o universo das salas de aula, intitulado “As notas ou a vida, mas notas positivas”.
O filme utiliza a mesma linguagem cinematográfica presente em “A terrorista do telemóvel”, o “casting” é constituído por figuras reais, filmado em cenário real, ao primeiro “take” e com som sem produção.
Certamente inspirado pela atmosfera de faz-de-conta que caracteriza muito do quotidiano português há a introdução de um elemento dissonante que complexifica a leitura do filme, a arma utilizada pelos alunos para ameaçar a professora é de plástico, um elemento de certa forma “kitsch”.
É interessante a reacção de parte da crítica, com o pretexto da presença deste elemento em plástico cataloga o filme como de humor de mau gosto seguindo a estética “kitsch”. Discordo em absoluto desta interpretação da crítica, o filme é claramente uma tragédia neo-realista. Do meu ponto de vista, a questão a discutir remete para uma falha na construção do argumento que fragiliza bastante a credibilidade da obra.
Em primeiro lugar, parece desnecessário que os alunos pressionem a professora para que lhes atribua notas positivas porque o próprio ME o faz, para responder à imperiosa necessidade de subir o sucesso escolar. Por outro lado, os poucos alunos que conseguissem ter nota negativa entrariam durante umas semanas, poucas, para uma iniciativa do Programa Novas Oportunidades e rapidamente veriam certificadas as suas competências, alguma “competência” hão-de de ter que se possa certificar, nem que seja o domínio dos telemóveis. Passado algum tempo, estes alunos entrarão no Ensino Superior, pois em qualquer Universidade ou Politécnico, público ou privado, terão uma vaga à sua espera.
É esta a grande fragilidade do filme. De qualquer forma, parece-me que tem interesse e actualidade suficiente para se manter em exibição num ecrã perto de si durante as próximas semanas.
O filme utiliza a mesma linguagem cinematográfica presente em “A terrorista do telemóvel”, o “casting” é constituído por figuras reais, filmado em cenário real, ao primeiro “take” e com som sem produção.
Certamente inspirado pela atmosfera de faz-de-conta que caracteriza muito do quotidiano português há a introdução de um elemento dissonante que complexifica a leitura do filme, a arma utilizada pelos alunos para ameaçar a professora é de plástico, um elemento de certa forma “kitsch”.
É interessante a reacção de parte da crítica, com o pretexto da presença deste elemento em plástico cataloga o filme como de humor de mau gosto seguindo a estética “kitsch”. Discordo em absoluto desta interpretação da crítica, o filme é claramente uma tragédia neo-realista. Do meu ponto de vista, a questão a discutir remete para uma falha na construção do argumento que fragiliza bastante a credibilidade da obra.
Em primeiro lugar, parece desnecessário que os alunos pressionem a professora para que lhes atribua notas positivas porque o próprio ME o faz, para responder à imperiosa necessidade de subir o sucesso escolar. Por outro lado, os poucos alunos que conseguissem ter nota negativa entrariam durante umas semanas, poucas, para uma iniciativa do Programa Novas Oportunidades e rapidamente veriam certificadas as suas competências, alguma “competência” hão-de de ter que se possa certificar, nem que seja o domínio dos telemóveis. Passado algum tempo, estes alunos entrarão no Ensino Superior, pois em qualquer Universidade ou Politécnico, público ou privado, terão uma vaga à sua espera.
É esta a grande fragilidade do filme. De qualquer forma, parece-me que tem interesse e actualidade suficiente para se manter em exibição num ecrã perto de si durante as próximas semanas.
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