domingo, 7 de dezembro de 2008

SÓ QUERO O MEU PAI COMIGO

Nos tempos que correm, é razoavelmente frequente termos referências a uma das características que parece cada vez mais presente no nosso comportamento, o consumismo desenfreado. Esta característica, parece afectar toda a gente, ainda que numa escala compatível com as disponibilidades económicas ou com a capacidade de (irresponsabilidade de alguns) recurso a um crédito que, por vezes, se torna posteriormente impossível de assegurar. Quando se avizinha o Natal, mesmo em tempos de vacas magríssimas, o consumismo apresenta-se na mais frenética agitação e parece ter um efeito anestésico sobre os problemas reais, para os quais voltamos a olhar lá mais Janeiro, depois do Ano Novo, no qual, como sabem, é obrigatório que se entre em festa, feliz e aos pulos com um copo na mão. Esta introdução vem a propósito de uma cena que passou em vários serviços noticiosos da RTP1.
O Presidente da Republica convidou, para uma festa em Belém, familiares de militares que estão em missão oficial fora do país. A repórter de serviço foi ouvindo mulheres e filhos presentes. Às tantas, encontra uma miúda dos seus seis, sete anos, estabelece conversa e fica a saber que a menina tem o pai longe. Então a jornalista achou por bem interrogá-la embora, à cautela, tenha dado logo a resposta. Reconstituindo de memória, foi mais ou menos isto, “Então gostavas de ter o teu pai contigo, não é? Para ires às compras com ele, não é?”
“Não”, disse a miúda, “só quero que ele volte para estar comigo”.
É verdade, por estranho que possa parecer à jornalista ainda aparecem uns miúdos que antes, ou em vez, de irem às compras, gostam “só” de estar com os pais.
Nem tudo está perdido.

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