terça-feira, 24 de setembro de 2013

A CAMPANHA ELEITORAL, UM RETRATO POSSÍVEL

A campanha eleitoral em curso tem a particularidade de ser inovadora no modelo de cobertura televisiva que devido a uma lei a carecer de ajustamento nos inibe de acompanhar de forma mais próxima as iniciativas de campanha em diferentes concelhos. Eu sei o risco desta afirmação, a democracia tem exigências, mas quase me atrevo a dizer ... ainda bem que somos poupados a uma parte significativa do espectáculo deprimente que vai acontecendo.
De uma forma geral e considerando o que vou lendo, vendo e ouvindo, creio que podemos identificar duas linhas fundamentais de mensagens, a saber.
Uma primeira linha que se pode caracterizar por, o "limite é o céu" ou, em modo mais simplista, "vale tudo". Nesta área incluímos as promessas que aqui e ali vamos sabendo que os diferentes candidatos se propõem realizar às carradas, sem qualquer contenção. São múltiplos os exemplos de promessas de iniciativas ou realizações completamente impossíveis, fora das competências autárquicas, algumas absolutamente delirantes e completamente fora do mais elementar bom senso e lucidez na gestão de bens públicos que estão em contracção fortíssima. Aliás, nesta matéria, as promessas, e como cereja em cima do bolo, o Primeiro-ministro esteve  em Sintra para apoiar o candidato local do partido e dado que aqui se verificou cobertura televisiva, pudemos ouvir Passos Coelho, com um ar bastante sério, aconselhar os candidatos em campanha eleitoral a prometer apenas o que podem cumprir. Não se de quem foi a ideia, mas este momento de humor é brilhante. Estranhamente, que eu desse por isso, ninguém se riu. Falta de sentido de humor, evidentemente.
A outra linha de conteúdos das mensagens é algo que se pode descrever como "eles, os outros, todos os outros, são maus, nós não somos como eles, portanto, votem em nós". Dito de outra maneira, votem em nós porque nós não somos eles. O problema sério que se coloca é que este tipo de mensagens só mostra justamente a semelhança na mediocridade, não a diferença, de modo que o eleitor que não vota "porque sim", o eleitor fidelizado, terá uma tarefa complicada se quiser proceder a uma escolha lúcida e informada.
Veremos o impacto que esta campanha terá no nível de abstenção que se verificará no próximo Domingo.

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