A campanha eleitoral em curso tem
a particularidade de ser inovadora no modelo de cobertura televisiva que devido
a uma lei a carecer de ajustamento nos inibe de acompanhar de forma mais
próxima as iniciativas de campanha em diferentes concelhos. Eu sei o risco
desta afirmação, a democracia tem exigências, mas quase me atrevo a dizer ...
ainda bem que somos poupados a uma parte significativa do espectáculo
deprimente que vai acontecendo.
De uma forma geral e considerando
o que vou lendo, vendo e ouvindo, creio que podemos identificar duas linhas
fundamentais de mensagens, a saber.
Uma primeira linha que se pode
caracterizar por, o "limite é o céu" ou, em modo mais simplista, "vale
tudo". Nesta área incluímos as promessas que aqui e ali vamos sabendo que os
diferentes candidatos se propõem realizar às carradas, sem qualquer contenção.
São múltiplos os exemplos de promessas de iniciativas ou realizações
completamente impossíveis, fora das competências autárquicas, algumas
absolutamente delirantes e completamente fora do mais elementar bom senso e
lucidez na gestão de bens públicos que estão em contracção fortíssima. Aliás,
nesta matéria, as promessas, e como cereja em cima do bolo, o Primeiro-ministro
esteve em Sintra para apoiar o candidato
local do partido e dado que aqui se verificou cobertura televisiva, pudemos
ouvir Passos Coelho, com um ar bastante sério, aconselhar os candidatos em campanha
eleitoral a prometer apenas o que podem cumprir. Não se de quem foi a ideia,
mas este momento de humor é brilhante. Estranhamente, que eu desse por isso,
ninguém se riu. Falta de sentido de humor, evidentemente.
A outra linha de conteúdos das
mensagens é algo que se pode descrever como "eles, os outros, todos os
outros, são maus, nós não somos como eles, portanto, votem em nós". Dito
de outra maneira, votem em nós porque nós não somos eles. O problema sério que
se coloca é que este tipo de mensagens só mostra justamente a semelhança na mediocridade, não a
diferença, de modo que o eleitor que não vota "porque sim", o eleitor
fidelizado, terá uma tarefa complicada se quiser proceder a uma escolha lúcida
e informada.
Veremos o impacto que esta campanha
terá no nível de abstenção que se verificará no próximo Domingo.
Sem comentários:
Enviar um comentário