A situação é "simples". Devido à pouco sustentada
mudança dos Programas de Matemática e à introdução das metas curriculares, uma
forma criativa de buroCRATIZAR o ensino, verifica-se o estimulante cenário de
na mesma sala de aulas do Básico coexistirem alunos com manuais diferentes pois,
ou não decorrem do novo programa em Matemática, ou não decorrem das metas
curriculares em Português.
Estranhamente pais e professores manifestam-se inquietos
e preocupados e o MEC, evidentemente, acha que é irrelevante. Este entendimento
inscreve-se no habitual processo de negar a realidade e entender a anormalidade
como normal.
Na verdade, a questão dos manuais no nosso
sistema educativo, já o tenho escrito, é de importância significativa pois é excessivamente "manualizado" o que tem óbvias implicações
didáctico-pedagógicas e naturalmente económicas pelo peso nos orçamentos familiares.
Apesar da progressiva disponibilização de outras
fontes de informação e do acréscimo de acessibilidade através das tecnologias
de informação e de outros suportes, a utilização dessas fontes alternativas aos
manuais é baixa e pouco valorizada por pais e alunos. De facto, embora o
abandono do “livro único” tenha ocorrido há já bastante tempo e de uma
preocupação, ainda pouco eficaz, com a qualidade dos manuais, predomina a sua
utilização e das respectivas fichas e instrumentos como materiais de apoio às
aprendizagens e à “ensinagem” e que agravam substantivamente os custos das
famílias. Aliás, nota-se ainda no ensino superior a dificuldade que muitos
alunos afirmam sentir quando percebem que não têm um “manual”.
Do meu ponto de vista, a minimização da
dependência dos manuais passará, entre outros aspectos, por uma reorganização
curricular, diminuindo a extensão de algumas conteúdos, por exemplo, o que
permitiria a alunos e professores um trabalho de pesquisa e construção de
conhecimentos com base noutras fontes potenciando efectivamente a acessibilidade
que as novas tecnologias oferecem.
É importante caminharmos no sentido de atenuar a
fórmula única instalada, o professor ensina com base no manual o que o aluno
aprende através do manual que o pai acha muito importante porque tem tudo o que
professor ensina.
Neste cenário a coexistência de manuais
diferentes é, obviamente um problema, só os burocratas do MEC entendem que não
e, portanto, tudo lhes parece normal, mesmo a anormalidade.
Sem comentários:
Enviar um comentário