sexta-feira, 20 de setembro de 2013

O ENSINO MANUALIZADO

A situação é "simples". Devido à pouco sustentada mudança dos Programas de Matemática e à introdução das metas curriculares, uma forma criativa de buroCRATIZAR o ensino, verifica-se o estimulante cenário de na mesma sala de aulas do Básico coexistirem alunos com manuais diferentes pois, ou não decorrem do novo programa em Matemática, ou não decorrem das metas curriculares em Português.
Estranhamente pais e professores manifestam-se inquietos e preocupados e o MEC, evidentemente, acha que é irrelevante. Este entendimento inscreve-se no habitual processo de negar a realidade e entender a anormalidade como normal.
Na verdade, a questão dos manuais no nosso sistema educativo, já o tenho escrito, é de importância significativa pois é excessivamente "manualizado" o que tem óbvias implicações didáctico-pedagógicas e naturalmente económicas pelo peso nos orçamentos familiares.
Apesar da progressiva disponibilização de outras fontes de informação e do acréscimo de acessibilidade através das tecnologias de informação e de outros suportes, a utilização dessas fontes alternativas aos manuais é baixa e pouco valorizada por pais e alunos. De facto, embora o abandono do “livro único” tenha ocorrido há já bastante tempo e de uma preocupação, ainda pouco eficaz, com a qualidade dos manuais, predomina a sua utilização e das respectivas fichas e instrumentos como materiais de apoio às aprendizagens e à “ensinagem” e que agravam substantivamente os custos das famílias. Aliás, nota-se ainda no ensino superior a dificuldade que muitos alunos afirmam sentir quando percebem que não têm um “manual”.
Do meu ponto de vista, a minimização da dependência dos manuais passará, entre outros aspectos, por uma reorganização curricular, diminuindo a extensão de algumas conteúdos, por exemplo, o que permitiria a alunos e professores um trabalho de pesquisa e construção de conhecimentos com base noutras fontes potenciando efectivamente a acessibilidade que as novas tecnologias oferecem.
É importante caminharmos no sentido de atenuar a fórmula única instalada, o professor ensina com base no manual o que o aluno aprende através do manual que o pai acha muito importante porque tem tudo o que professor ensina.
Neste cenário a coexistência de manuais diferentes é, obviamente um problema, só os burocratas do MEC entendem que não e, portanto, tudo lhes parece normal, mesmo a anormalidade.

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