Este fim de semana, entre o que lida no monte
exigia que se fizesse, reguei uma dúzia de sobreiros que há uns três ou quatro anos plantei
com o Mestre Marrafa e que ainda continuam bem pequenos.
Enquanto a água os refrescava do calor que estava
bem mais brando que na semana anterior, pensava no tempo e na vida, a nossa e a dos sobreiros.
O sobreiro é uma árvore lenta e calma como o Meu
Alentejo. Dá a primeira cortiça aos 25 anos e tem uma expectativa de vida entre
os 170 e os 200, podendo chegar aos trezentos anos, ainda assim um jovem ao pé de algumas oliveiras que lá temos.
É uma dimensão de tempo que não tem nada a ver
com os tempos de hoje.
Os tempos actuais são os tempos da urgência, os
tempos da pressa, os tempos do para já, ou mesmo para ontem.
São os tempos dos resultados, resultados
imediatos. São tempos sem espera, só espera quem não pode comprar o tempo.
Os tempos de hoje fazem do tempo um bem que
ninguém tem, antes tínhamos tempo, agora temos pressa. Os tempos de hoje não
são os dias, são os segundos. Por tudo isto, eu, que já deixei os cinquenta
para trás há algum tempo, dei por mim a rir-me desta tarefa, cuidar de
sobreiros pequenos.
Um dia destes, está decidido, vou sentar-me perto
deles a vê-los crescer, pelo menos, pelo menos, até à primeira cortiça.
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