Um estudo da Universidade de Coimbra vem mostrar,
mais uma vez, o impacto que o sedentarismo tem na saúde das crianças. Este
estudo envolveu 17424 crianças entre os 3 e os 11 anos e mostrou a forte
relação entre hábitos fortemente sedentários, ver televisão por exemplo, e
obesidade infantil e óbvias consequências na saúde e bem-estar dos miúdos.
Como já tenho referido esta questão aqui no
Atenta Inquietude recordo um estudo de 2012 da Faculdade de Motricidade Humana
envolvendo cerca de 3000 alunos que evidenciava o efeito positivo da actividade
física no rendimento escolar para além dos benefício óbvios na saúde.
Também em 2012, um trabalho divulgado na Lancet
referia que em Portugal, entre os adolescentes, dos 13 aos 15, quatro em
cada cinco não são fisicamente activos.
A Direcção-Geral de Saúde recomendou às escolas que
alimentos hipercalóricos como doces ou bolos não sejam expostos, devendo ficar
visíveis aos olhos dos alunos os alimentos considerados mais saudáveis em como
estão em curso medidas no sentido de baixar a publicidade a alimentos e bebidas
com maior carga calórica.
Apesar de parecer uma birra ou teimosia acho sempre
importante sublinhar a importância que deve merecer a questão dos hábitos
alimentares, sobretudo nos mais novos.
Recordo ainda um estudo divulgado há meses da
Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, encontrou 17% de rapazes e 26%
de raparigas de quatro anos, sublinho, quatro anos, com excesso de peso e
obesidade e níveis de colestrol elevados, um cenário verdadeiramente
preocupante e de graves consequências futuras. Ainda mais alguns dados.
Em 2008 um estudo da Childhood Obesity
Surveillance Initiative estimava que 32,2% de crianças portuguesas, dos seis
aos oito anos apresentassem excesso de peso ou obesidade.
Segundo o último Relatório Health Behaviour in
School-aged Children da OMS e dos dados relativos a Portugal, é um dos países
envolvidos no estudo, 39 da Europa e América do Norte, que apresenta mais
excesso de peso entre a população mais jovem, 5º lugar aos 11 anos, 4º lugar
aos 13 e 6º aos 15 anos.
Dados apresentados no XIV Congresso Português de
Obesidade, referem, sem novidade pois vai ao encontro de outros resultados, que
22.6 % das crianças dos 10 aos 18 anos estão em situação de pré-obesidade e 7.8
% já são obesos.
Creio ainda de sublinhar que estudos realizados
em Portugal mostram que a obesidade infantil é já um problema de saúde pública,
implicando, por exemplo, o disparar de casos de diabete tipo II em crianças.
Na verdade, a obesidade infantil afecta um número
muito significativo e crescente de crianças e adolescentes e assenta
fundamentalmente nos estilos de vida dos mais novos de que releva o
sedentarismo excessivo e a péssima qualidade genérica ao nível dos hábitos
alimentares. É de registar que as escolas têm vindo a fazer um esforço no
sentido de aumentar a qualidade alimentar da oferta, o que não parece ser acompanhado
pelas famílias, ilustrado pela desproporcionalidade do consumo de água e de
refrigerantes no contexto familiar. Ainda não há muito, estava na sala de
espera no Centro de Saúde da minha zona e uma mãe andava de um lado para o
outro com uma bebé que ainda mal andava e que, evidentemente, aparentava peso a
mais. Para conseguir que a miúda se calasse ia-lhe dando bolachas que eram
despachadas em pouco tempo. Tal situação mostra como é preciso insistir.
Sabe-se também que em adultos e sem surpresa os
números pioram, 50% dos homens e 30% das mulheres estarão em situação de
pré-obesidade ou obesidade.
As consequências potenciais deste quadro em
termos de saúde e qualidade de vida são muito significativas, quer em termos
individuais, quer em termos sociais. Assim, e como já tenho referido, um
problema de saúde pública desta dimensão e impacto justifica a definição de
programas de prevenção, educação e remediação que o combatam.
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