quarta-feira, 10 de julho de 2013

E AGORA? QUE FAZER COM O RESULTADO DOS EXAMES?

Bom, cá temos então o resultado dos exames nacionais. Em síntese, a média do exame de Matemática A, 8,2, é a mais baixa dos últimos sete anos, a taxa de reprovação subiu  de 16 para 20% e as médias dos exames com mais alunos, foram negativas, Biologia e Geologia, Física e Química A com 7,8, para além da Matemática A. Os resultados de Português, agora conhecidos vão no mesmo sentido, média de 8.9 e subida da taxa de retenção. A média registada igualou o pior registo, 2011, sendo que existe a particular circunstância de, pelos motivos conhecidos, se terem realizado dois exames de Português e estes resultados não os discriminam.
Não me parece particularmente relevante o valor próprio dos resultados a não a ser a indicação geral de que, mesmo quando positivas, as médias são baixas e, naturalmente, o registo das médias negativas. Afirmo esta “menorização” dos resultados porque de há muito os exames funcionam como arma de gestão política do sistema o que, do meu ponto de vista, relativizam os seus resultados, sejam eles melhores ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em torno do que fazemos com os resultados dos exames.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC – Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do número de alunos por turma no Secundário, até 30 alunos, possa contribuir para melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo foi facilmente atingido designadamente nas disciplinas mais concorridas, justamente as que apresentam médias mais baixas.
Também me parece difícil entender que na fórmula de cálculo de crédito de horas das escolas  para, por exemplo, actividades de apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes que já se verificaram e continuam criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências traduzidas em exames.

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