Farto das trapalhadas que o mal
frequentado mundo da política pequenina do Portugal dos Pequeninos vai
produzindo perante a generalizada indiferença da maioria de nós, já não nos supreendemos, apenas aguardamos por novos episódios, uma notas de natureza bem
diferente.
A imprensa de hoje refere a
chegada aos 70 anos de Mick Jagger. Este
rapaz entrou no clube onde já habitam nomes como Bob Dylan, Leonard Cohen, Lou
Reed, John Cale, Paul McCartney, Aretha Franklyn ou Caetano Veloso,
o respeitável clube dos septuagenários.
É o tipo de notícia que funciona
imperativamente como um espelho e um activador de memória.
Em primeiro lugar o espelho. Na
verdade, Mick Jagger nos 70 reflecte uma coisa óbvia, vou quase nos 60. O tempo
é algo estranho que de vez em quando nos cai em cima, literalmente, fui avô há dias e percebo que ando a ouvir os
Stones há 40 anos, uma eternidade.
Por outro lado, a notícia acorda
necessariamente memórias, os Stones, bem como os nomes que também citei em cima
fazem parte da banda sonora do que tem sido a minha vida e a de muita gente da
minha geração.
Ao olhar para o que temos à nossa
volta, fico com algumas dúvidas se fizemos da melhor forma o que nos competia
fazer, cuidar do mundo para o deixar melhor aos que nos seguem, filhos e netos
mas foi também assim que aqui chegámos.
2 comentários:
Ser pequenino
Letra do Poeta Carlos Conde
Do repertório de Alfredo Duarte ( Marceneiro )
Que bom que é ser pequenino,
Ter pai, ter mãe, ter avós,
Ter esp’rança no destino
E ter quem goste de nós.
A velhice trás revés,
Mas depois da meninice
Há quem adore a velhice
P’ra ser menino outra vez.
Ser menino, que altivez
De optimismo e desatino!
Ver tudo bom e divino,
Tudo esperança, tudo fé,
Enquanto a vida assim é
Que bom que é ser pequenino!...
Ver tudo com alegria,
Sem delongas, sem demora,
Ver a vida numa hora
Ter na mente a fantasia
Dum bem que ninguém supôs,
Ter crença, sonhar a sós,
Co’ a grandeza deste mundo
E, para bem mais profundo,
Ter pai, ter mãe, ter avós.
Ter muito enlevo a sonhar,
Acordar e ter carinho,
Ter este mundo inteirinho
No brilho do nosso olhar.
Viver alheio ao penar
Deste orbe torpe, ferino,
Julgar-se eterno menino,
Supor-se eterna criança,
E, num destino sem esp’rança,
Ter esp’rança no destino.
Ó desventura, ó saudade,
Causas da minha inconstância,
Daí - e pedaços de infância,
Retalhos de mocidade.
Dai-me a doce claridade
Roubando-me ao tempo atroz
Quero ter a minha voz
P’ra cantar o meu passado...
É tão bom cantar o fado
E ter quem goste de nós!...
Abraço
António Caroço
Boa escolha, António.
Abraço
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