Numas notas breves e como tenho afirmado, não me
parece particularmente relevante o valor próprio dos resultados a não a ser a
indicação geral de que, mesmo quando positivas, as médias são baixas e,
naturalmente, o registo das médias negativas. Afirmo esta “menorização” dos
resultados porque de há muito os exames funcionam como arma de gestão política
do sistema o que, do meu ponto de vista, relativizam os seus resultados, sejam
eles melhores ou piores.
O que me parece mais pertinente é a discussão em
torno do que fazemos com os resultados dos exames especialmente quando se
verificou um abaixamento significativo nos resultados de 2013.
Estes resultados são consequência e não causa o
que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos
processos de ensino e aprendizagem que envolvem múltiplas variáveis e são prévios
ao momento do exame.
No entanto, do meu ponto de vista, este
entendimento não é tão óbvio quando olhamos para algumas das medidas da PEC
–Política Educativa em Curso que não me parecem contributivas para melhorias
nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em
situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os
territórios educativos portugueses dificilmente compreenderá como o aumento do
número de alunos por turma no básico e no Secundário possa contribuir para
melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e
mega-agrupamentos o número máximo foi facilmente atingido designadamente nas
disciplinas mais concorridas, justamente as que apresentam médias mais baixas.
Também me parece difícil entender que na fórmula
de cálculo de crédito de horas das escolas para, por exemplo, actividades de
apoio extra curricular apoio, um dos factores seja justamente as notas dos
respectivos alunos em exames nacionais, ou seja, uma perversa forma de ter mais
apoios para os melhores e menos apoios para os que experimentam dificuldades.
Finalmente, os cortes de recursos docentes já
verificados em continuação que criarão certamente constrangimentos ao trabalho
de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e
professores.
Temo que a discussão em torno dos resultados
continue sobretudo centrada em questões como a maior ou menor dificuldade dos
mesmos ou no estabelecimento dos rankings que fatalmente aparecerão, e não nos
aspectos fundamentais, como melhorar a qualidade dos processos de ensino e
aprendizagem que, por aqui sim, promoverão melhores saberes e competências
traduzidas em exames.
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