Uma das consequências que os politólogos e
opinadores referem no âmbito da crise instalada no Governo, é o seu efeito
negativo nos deuses mercados e no risco de se tornar necessário um novo plano
de resgate.
Na verdade, os deuses mercados, entidades muito sensíveis como se sabe, já começaram a
reagir pressionando a desvalorização na bolsa e a subida dos juros num
comportamento típico de abutres, nada de novo.
Quanto a um novo plano de resgate e dado que o
primeiro plano de resgate transformou a vida de muitos de nós num inferno do qual
precisaria de ser resgatada, torna-se mesmo necessário um novo plano de
resgate.
Milhão e meio de portugueses está sem emprego,
mais de metade sem subsídio. Precisam urgentemente de ver resgatada a
possibilidade da vivência, agora lutam pela sobrevivência.
Mais de um terço dos jovens precisa de ver
resgatada a confiança num projecto de vida que teima em ser adiado e cada vez
parece mais longe.
Muitos velhos, cada vez mais, a precisarem de ver
resgatada a dignidade de um fim de vida decente e com patamares mínimos de
qualidade.
Muita gente que precisa de ver resgatada a
dignidade todos os dias atropelada pela mão estendida a uma ajuda que nem
sempre chega.
Miúdos que precisam de ver resgatada a dignidade
de, pelo menos, não lhes faltar o sustento, o aconchego e, naturalmente, a
educação e o futuro.
O problema é que não é este o plano de resgate que se pode
esperar. Mais provavelmente continuaremos no insensível e insensato trajecto
que os mercados nos impõem e que os feitores administram.
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