Foram conhecidos os resultados dos exames de “segunda
oportunidade” no 1º ciclo a Português e Matemática destinados a alunos sem
aprovação no primeiro exame ou reprovados pelos conselhos de turma. Depois de
um período suplementar de “explicações”, apresentaram-se ao exame de Português 3189
alunos com 7% de notas positivas e 5296 a Matemática com 20% de nota positivas,
o que é evidentemente preocupante, embora não propriamente surpreendente.
Ainda não se conhece o número final de alunos que
não transitarão para o 5º ano pois há que conjugar os resultados dos exames com
as avaliações das escolas, mas vale a pena considerar que muitos estudos,
nacionais e internacionais, mostram que os alunos que começam a chumbar, tendem
a continuar a chumbar, ou seja, a simples repetição do ano, não é para muitos
alunos, suficiente para os devolver ao sucesso. Os franceses utilizam a fórmula
“qui redouble, redoublera” quando referem esta questão.
Este entendimento não tem rigorosamente a ver com
"facilitismo" e, muito menos, com melhoria "administrativa"
das estatísticas da educação uma tentação a que nem sempre se resiste, mas sim
com a importância de discutir que tipo de apoio, que medidas e
recursos devem estar disponíveis ao longo do ciclo para alunos, professores e
famílias de forma a evitar a última e genericamente ineficaz medida do chumbo.
O período suplementar de explicações que o MEC quer instituir para o 6º ano no
próximo ano parece pouco eficaz, como também na altura do seu anúncio afirmei.
Creio que importa também reflectir sobre o
impacto que turmas sobrelotadas, metas curriculares excessivas e burocratizadas
que inibem a acomodação das diferenças entre os alunos, insuficiência de apoios
às dificuldades de alunos e professores podem assumir nestes resultados e não constituir o melhor contexto
para sustentar a evolução pretendida. Quem conhece minimamente as escolas do 1º
ciclo sabe que o terceiro período se transformou num período de preparação
obsessiva para os exames que deixou insatisfeitos professores e alunos. Os
resultados escolares no 1º ciclo, nas condições de funcionamento e características
das nossas escolas, não se melhoram com uma explicação intensiva realizada no
3º período do 4º ano e no período suplementar de explicações.
Como está a ser evidente considerando os
resultados globais dos exames em todos os ciclos é claro que, contrariamente à
crença do MEC, a simples realização dos exames não melhora a qualidade dos
resultados.
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